Percevejo é considerado uma das principais pragas da soja hoje

A incidência de percevejo na cultura da soja está ficando cada vez maior nas principais regiões produtoras do BrasilA incidência de percevejo na cultura da soja está ficando cada vez maior nas principais regiões produtoras do Brasil. O relato de produtores e pesquisadores aponta o inseto como a principal praga da soja na atualidade. Segundo o produtor Luiz Alberto Pallaro, de Floresta, no Paraná, é possível encontrar o inseto na palhada, mesmo no período de entressafra e com temperaturas mais baixas.

– A gente está tendo bastante dificuldade com o controle dos percevejos e o impacto, se não for cuidado, pode ser muito grande. Na soja, acredito que seja em torno de 30% – diz.

De acordo com o pesquisador da Embrapa Soja, Samuel Roggia, o maior problema do percevejo é que seu alimento preferencial está na vagem, no estágio reprodutivo da planta. O problema atinge diretamente na rentabilidade do produtor naquele que é o objetivo final da produção: o grão.

– O percevejo pode atacar e se alimentar mesmo da folha, mas é mais preocupante quando ataca a vagem que contem o grão, onde o inseto encontra maior teor nutricional. A presença da vagem na planta faz com que o ciclo e a reprodução do percevejo ocorram de forma mais intensa. Os danos na lavoura podem chegar até 20%. É óbvio que, em algumas regiões sequer é necessário o controle dos percevejos, já em outras regiões a intensidade é tão grande que requer cerca de quatro pulverizações durante toda a safra para o controle dessa praga – salienta o pesquisador.

Para evitar prejuízos maiores, o produtor garante que não deixa o número de insetos na plantação aumentar e entra com o defensivo mais cedo.

– A gente costuma fazer o controle desde o início apesar de que as pesquisas não recomendam isso. Mas se achar o percevejo desde o início, é melhor para evitar a procriação e alta população – diz Pallaro.

Os pesquisadores não aconselham o controle químico muito cedo. Essa recomendação tem como principal razão a manutenção dos insetos que são inimigos naturais das pragas nas lavouras. O pesquisador da Embrapa critica a prática de entrar com o inseticida cada vez mais cedo. A empresa recomenda a aplicação do defensivo apenas após o monitoramento apontar mais de dois percevejos por metro quadrado.

– Se houver a necessidade da aplicação de utilização de inseticidas para proteger a lavoura, o agricultor deve fazer, mas isso precisa ser feito com base em critérios técnicos, com base na amostragem, na detecção no combate da praga, além de também ajudar o agricultor por optar o produto melhor a ser utilizado e qual a maneira – explica Roggia.

O responsável técnico da Cocamar Floresta, Antônio Ramires, acredita que além dos resultados de pesquisas, o produtor precisa de mais motivos para realizar o controle do inseto de acordo com as recomendações oficiais.