Abate de aves e suínos cai pela metade

Os protestos, que entraram nesta sexta-feira, dia 27, em seu décimo dia, também afetam o abastecimento de ração para alimentar as criações.Sessenta unidades industriais de processamento de aves e suínos estão parando no Brasil devido aos protestos dos caminhoneiros nas estradas, que afetam principalmente o Sul do Brasil, afirmou o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra.

– (Houve) redução de mais de 50% no número de abates, tanto de suínos como de aves – disse Turra, informando que o abastecimento interno e externo de carnes também está prejudicado.

Entidades ligadas ao setor de produção animal do Rio Grande do Sul enviaram nota ao governo do Estado nesta sexta, dia 27, informando que não há condições de operar, devido aos bloqueios nas rodovias gaúchas. 

A Associação Gaúcha de Avicultura, o Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados, o Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos e o Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado do Rio Grande do Sul afirmam que até segunda, dia 2, a maioria das unidades estará parada, caso a situação não se normalize imediatamente.

Desabastecimento

De acordo com o presidente da ABPA, os “supermercados estão reclamando da falta de produtos” e começam a chegar reclamações de compradores externos “devido a contratos de exportação não realizados, não cumpridos”. Entre as empresas com problemas estão as gigantes do setor BRF, JBS e Aurora.

Em Marau, no norte do Rio Grande do Sul, um frigorífico está com a produção parada há dois dias, e 320 funcionários estão sem trabalhar por tempo indeterminado. Cerca de 210 mil frangos deixaram de ser abatidos diariamente, e a produção de embutidos também foi suspensa. Devido aos bloqueios, os caminhões refrigerados não conseguem chegar à planta. Com a produção retida, as exportações podem ser prejudicadas.

– O grande problema que estamos tendo é o escoamento da produção. Estamos com o nosso freezer cheio e não temos como estocar mais – afirma Carlos Tonial, gerente da empresa.

Granjas sem ração

Para Francisco Turra, da ABPA, os protestos, que entraram nesta sexta-feira em seu décimo dia, também afetam o abastecimento de ração para alimentar as criações.

– Estamos impressionados com falta de alimentação dos frangos. Não tem acesso a milho e farelo de soja. Aves estão passando fome, passando dois dias sem comer. Houve até início de canibalismo. Situação muito crítica – acrescentou.

As granjas do oeste de Santa Catarina, que reúnem um plantel de 150 milhões de aves, estão praticamente sem ração. O alimento para os animais foi racionado e não deve durar até a próxima semana. O setor teme a morte de milhares de frangos nos próximos dias.

Em um aviário com treze mil frangos em Saudade (SC), o consumo diário de ração foi reduzido de 2,5 para uma tonelada. O racionamento foi feito para evitar que as aves fiquem sem comida, mas, ainda assim, a comida está acabando. Os frangos deveriam ter ido para o abate no início desta semana, mas permanecem na granja por causa dos bloqueios.