Acesso ao crédito do Plano Safra está difícil

Governo e bancos reconhecem situação, que foi debatida em evento em Brasília 

Fonte: Canal Rural

Governo e instituições financeiras reconhecem que produtores estão tendo dificuldades para acessar crédito do Plano Safra. O financiamento ao setor rural esteve em debate nesta quinta, dia 30, em Brasília, em um seminário promovido pela Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE).

Na teoria os R$ 180 bilhões destinados para a safra 2015/2016 estão disponíveis desde o dia primeiro de julho e a maior parte seria emprestada a juros controlados. Na prática, porém, tem produtor que só consegue crédito com juros superiores a 15%, bem mais do que a taxa prometida pelo governo de, no máximo, 10%, afirma o superintendente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Bruno Lucchi.

– Tem produtor questionando que as taxas que tem chegado a 20% em alguns casos. Lógico que a gente sabe que, para compor esses juros, a parte do risco do agricultor pesa bastante, então o que nós temos feito é orientar as Federações e estamos preparando um material técnico pra isso pro produtor realmente saber o que são os juros altos, que advém da parte do risco e o que realmente é uma composição elevada que o banco tem feito – afirma.

Sobre a dificuldade para acessar os recursos, o diretor de Estudos Econômicos do Ministério da Agricultura, Wilson Vaz, explica que a situação é comum nos primeiros 30 dias de operação do Plano Safra.

– Nesse início de Plano Safra, normalmente ainda tem procedimentos que podem não ter sido consolidados. Eu diria assim, do ponto de vista de regulamentação do governo federal, não há pendência. Os votos foram aprovados pelo Conselho Monetário Nacional [CMN], o Banco Central, simultaneamente, regulamentou por meio de resoluções – diz.

O diretor da área de Agronegócio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Henrique Paim, instituição responsável por fornecer os recursos para investimento no Plano Safra, também reconhece os entraves burocráticos.

– Estamos trabalhando, também, fortemente com os agentes financeiros. Agora no dia 4 [de agosto, terça], nós vamos ter uma reunião com todos os agentes financeiros, onde nós vamos passar um conjunto de informações e fazer com que as plataformas tecnológicas do banco sejam melhoradas pra que a gente possa ter uma contratação o mais ágil possível – afirma.

Entre os agricultores familiares a reclamação é a mesma, mas o diretor que cuida da área no Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), João Luiz Guadagnin, defende que não há problemas na liberação de crédito.

– Não há dificuldade. Ao contrário, os financiamentos começaram exatamente no dia 1 de julho. Claro que nós começamos, inicialmente, com os financiamentos de custeio. Há uma correção importante do valor dos financiamentos de custeio desse ano, de cerca de 10 até 14% dos valores médios que estavam sendo financiados na safra passada e todos os agricultores que estavam ou que têm uma relação com agentes financeiros estão tendo crédito – diz.