Agricultor acusa empresa de vender semente vencida e causar prejuízo na lavoura

Má qualidade do material tem se tornado reclamação comum entre produtores; desta vez, o prazo de validade teria sido remarcado na embalagem e o prejuízo ao produtor chega a R$ 150 mil

Fonte: divulgação

A má qualidade de sementes tem se tornado uma reclamação comum entre os produtores. Na semana passada, o Rural Notícias exibiu uma reportagem que falava de um produtor do Mato Grosso que previa um prejuízo de R$ 4 milhões ao adquirir sementes com fungo de uma grande empresa. Agora, um produtor de Cristalina (GO) acusa uma segunda empresa de ter vendido um lote vencido de sementes de millho. O prejuízo é estimado em R$ 150 mil.

Plantada na segunda quinzena de fevereiro, a lavoura de milho de Clodemir Paholski só vai trazer prejuízos. Ao todo foram cultivados com a semente que não vingou 80 dos 400 hectares destinados à cultura. Segundo o produtor, as plantas nasceram desiguais e tiveram o desenvolvimento prejudicado.

Sem entender o motivo do problema, o agricultor foi verificar as sacas das sementes e descobriu que o prazo de validade estava vencido. Elas eram da safra de 2013 e valiam até 2014, mas foram recarimbadas com vencimento para julho de 2016. “O milho não tem raiz, não tem porte de planta, não tem uniformidade, não desenvolveu, não tem espiga. A espiga que desenvolveu não formou grão e isso é uma decepção”, disse.

Segundo o engenheiro agrônomo Maykon Lucas, a primeira análise da semente é por um ano e a revalidação é só um prazo de oito meses, desde que esteja anexa uma documentação que aponte uma pessoa responsável por isso.

O milho que teve problemas de desenvolvimento foi plantado na mesma época e recebeu os mesmos tratamentos de sementes de outra empresa. A diferença é nítida, pois as demais sementes se desenvolveram normalmente. “As sementes da Biogene não formou raiz nenhuma. Você pegar com a mão e arranca facilmente o pé, nem precisa Fazer força. Agora se pegar a lavoura ao lado, normal, você tem que fazer bastante força pra conseguir arrancar o pé”, lamentou o agricultor.

Paholski conta que, com o apoio da revenda, entrou em contato com a empresa Biogene, proprietária da semente. Segundo ele, a empresa chegou a enviar um técnico para analisar a área e ofereceu não cobrar pelo produto vendido, além de restituir o produtor com mais 80 hectares de sementes. Mas, segundo ele, parte da negociação foi quebrada quando o acordo foi documentado.

“Na hora de documentar, eles queriam colocar que o problema não era com a semente e só queriam bonificar com 80 sacas para o ano que vem, sendo que meu prejuízo é bem maior que isso”, disse o produtor.

O Canal Rural foi até a empresa Mactor Agro, que revendeu as sementes, e Ação Agrícola, que fez o tratamento. Ambas pertencem ao mesmo proprietário, que não quis gravar entrevista e justificou que essa foi uma orientação da própria Biogene.

A Biogene também foi procurada, mas a empresa não quis se pronunciar sobre o assunto. A Associação Brasileira de Sementes e Mudas informou que tem acompanhado o relato de produtores que enfrentam o problema, mas destaca que a indústria de sementes brasileira é uma das mais modernas do mundo e que tem como prioridade a qualidade dos produtos. O ministério da agricultura afirma que nesses casos é importante que o agricultor faça a análise da semente e, assim que receber o laudo, notifique imediatamente a pasta.