Analistas apostam em alta do dólar

Decisões do governo de Donald Trump e uma possível alta dos juros nos Estados Unidos são fatores externos que podem contribuir com a elevação da moeda

Fonte: Agência Brasil/Divulgação

A tendência de alta no dólar deve continuar nos próximos dias, segundo especialistas. Mesmo com o pequeno recuo nesta quarta-feira, eles apostam que o patamar pode se reaproximar dos R$ 4, o que poderia beneficiar o fechamento de negócios da safra de grãos.

Para o vice-diretor da faculdade de economia da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), Luiz Alberto Machado, os acontecimentos políticos dos últimos 30 dias influenciaram diretamente no câmbio. “A instabilidade política que se criou em função da saída do ministro da cultura. Quando parecia que a coisa estava se encaminhando pra uma certa estabilidade até o final do ano, surgiu esta nova crise e, se você combinar isto aí com os fatores externos, explica esta oscilação do dólar que não estava no radar da maior parte dos agentes econômicos”, avaliou.

Nesta semana, o boletim Focus do Banco Central confirmou a expectativa de economistas para uma alta na cotação do dólar. A estimativa é de que o dólar comercial feche o ano em R$ 3,35 e de que tenha uma cotação média em 2017 de R$ 3,40.

Apesar das previsões, fatores internos e externos podem alterar esta perspectiva. Decisões do governo de Donald Trump e uma possível alta dos juros nos Estados Unidos são fatores externos que podem contribuir com a elevação do dólar no próximo ano e, aqui no Brasil, quanto maior a crise política, maior a volatilidade do câmbio.

“Já estamos assistindo a nossa inflação cair, mas ela cai mais devagar. Isso deve continuar ao longo do próximo ano porque nós estamos mergulhados em uma grande recessão e o próprio choque de demanda está fazendo a inflação convergir pra menos. Nós trabalhamos com um cenário de queda dos juros para o ano que vem, quando devemos ter um cenário bem mais benigno com a inflação menor, juro em queda. Precisamos, porém, que o dólar não suba muito para que este trabalho do Banco Central possa ser feito a nosso favor”, disse o analista de mercado César Castro Alves.

Com a tendência de alta da cotação do dólar, este pode ser um bom momento para a venda de grãos da safra 2016/2017. “A gente deve ter uma produção mais cheia este ano, o que vai colocar pressão para baixo nos preços. Então, estes momentos, servem de oportunidade para o produtor travar alguma coisa e já ir se posicionando”, completou o analista.