À beira da segunda safra, compra de fertilizantes é lenta

Cenário econômico de recessão e redução do crédito limitam aquisição de insumos em dólar pelo produtor rural

Fonte: Bruna Essig/Canal Rural

Está lento o movimento para a compra de fertilizantes pelos produtores do Brasil. Culpa do cenário econômico e das dificuldades de financiamento, que mantém o produtor cauteloso a poucos meses do início do plantio da segunda safra.

Se por um lado a alta do dólar garantiu maior rentabilidade para alguns cultivos em 2015, por outro preocupa o produtor brasileiro que começa a pensar nos custos. Com a desvalorização do real, os preços dos fertilizantes estão mais altos em relação aos valores praticados no ano passado.

Para Carlos Eduardo Florence, o diretor executivo da Associação dos Misturadores de Adubo “o preços dos fertilizantes no mercado internacional caíram e subiram em reais pela razão do dólar, mas subiram muito menos do que subiu o dólar, o dólar subiu em média, no ano passado, 57% e os preços dos fertilizantes, em média, 30%”.  Ele comenta que alguns fertilizantes nem chegaram a subir, deixando a situação favorável para o agricultor. 

“É lógico que a gente não tem todas as variáveis ainda, mas em um período longo e conturbado como esse que estamos atravessando, nós acreditamos que isso deva permanecer no ano de 2016”, reforça.

A boa notícia é que para algumas culturas a relação de troca está mais favorável. No caso do milho, uma tonelada de fertilizante está sendo negociada a 593 Kg do cereal. Diferente de 2015, quando o volume de troca do produto chegou a 873 Kg.

“A relação de troca está bem mais favorável, principalmente para o milho, porque os preços dos grãos subiram no mercado doméstico brasileiro mais do que o dos fertilizantes”, explica o analista Fábio Rezende, da INTL FCStone.

Outra analista, Amaryllis Romano, da Tendências Consultoria aposta que a expectativa não é tão ruim, mas o produtor “vai ter que prestar muita atenção, porque o mundo está bastante complicado, não tem crédito, o crédito que existe é caro, os custos ainda devem continuar aumentando”. 

Mesmo diante de um cenário econômico adverso e das restrições de crédito no país, os analistas garantem que esse é o melhor momento de negociar a compra de fertilizantes. Daqui pra frente, a volatilidade da moeda pode surpreender negativamente o produtor.

“Tem que ter em mente que a expectativa de dólar, por exemplo, é de desvalorização contínua. A gente trabalha com o dólar a R$ 4,20 no final do ano, possivelmente a gente vai aumentar um pouco, mas ele já está em quatro e pouquinho. Então, tem que fazer sempre aquela média, de acordo com que for comercializando essa lavoura que está colhendo agora”, indica Amaryllis.
A partir de março, a demanda internacional dos países do Hemisfério Norte pode levar à alta dos preços. Assim como a uma estabilização no mercado internacional, repercutindo nos preços aqui no Brasil. Rezende sugere que os produtos olhem essa paridade mais favorável nos preços das commodities:

“É um bom momento para o produtor poder fixar essas compras já”.