Brasil conhece tecnologias para rastrear a produção de alimentos

Congresso em Não-Me-Toque (RS) apresenta dispositivos que tornam possível saber como as matérias primas foram produzidas no campo

Fonte: Pixabay/divulgação

Em alguns países, é possível chegar a um restaurante e saber na mesma hora como o alimento foi produzido no campo. O Brasil trabalha para chegar lá um dia. O tema foi discutido nesta terça-feira, dia 26, durante o 4º Congresso Sul-Americano de Agricultura de Precisão e Máquinas Precisas.

No Brasil seria novidade, mas no Chile isso já acontece. Por lá, o consumidor sabe como o alimento foi produzido. Isso faz parte da nova agricultura, mais moderna e tecnificada.

O “restaurante do futuro” foi apresentado por uma das maiores autoridades em agricultura de precisão do mundo, o engenheiro agrônomo chileno Stanley Best.

“A rastreabilidade traz a necessidade de melhorar a qualidade dos alimentos, com menor uso de pesticidas, por exemplo. Se eu como uma maçã, quero saber se a quantidade aplicada não me traz riscos. O consumidor tem cada vez mais acesso à informação”, afirma Best.

Além da rastreabilidade, o especialista diz que o futuro precisa ser mais automatizado, já que a mão de obra é escassa. No país vizinho, o uso de drones, irrigação e telemetria, por exemplo, é bastante comum em culturas importantes por lá, como a uva.

“Especialmente no caso das frutas, a automatização e a conexão de dados e de trabalho com produtor, indústria, e consultor devem ser mais dinâmica”, diz Stanley Best.

Engenheiro de software da empresa SAP, o alemão Michael Dietz veio ao país para mostrar aos brasileiros sistemas operacionais que funcionam sem conexão com a internet. O que vem bem a calhar, pois, em muitas regiões do Brasil, o sinal de internet não funciona bem.

“Um bom exemplo é o México, que também tem problemas com sinal. Por lá, nós aplicamos tecnologias que não dependem de celular para mandar dados. Com a nossa tecnologia, a máquina armazena os dados e, quando ela retorna para a sede da propriedade, pode descarregar esses dados quando tiver internet”, afirma o engenheiro.

Ele acredita que, cada vez mais, essas tecnologias vão sendo absorvidas pelo produtor. E aposta em prazo para isso virar realidade.

“Vai começar pelos grandes produtores e cooperativas até ir descendo. Meu pai, por exemplo, disse que jamais usaria a tecnologia por causa do tamanho da fazenda, mas meu objetivo é que isso mude e que em cinco anos agricultores como ele estejam utilizando amplamente essa tecnologia na europa”, afirma Dietz.

A cidade de Não-Me-Toque (RS), onde acontece o congresso, é a capital nacional da agricultura de precisão. Isso significa que grande parte das lavouras da região emprega tecnologia. Um sintoma é a produtividade cada vez maior, sem, necessariamente, aumento de área.

“Nós tivemos fazendas produzindo 90 sacas de soja por hectare. Isso demonstra que é possível. Só precisamos otimizar isso e conjugar todas as ferramentas disponíveis: máquinas, insumo, clima, solo. Todos estes itens”, afirma Teodora Lütkemeyer, presidente do 4º Congresso Sul-Americano de Agricultura de Precisão e Máquinas Precisas.