Café se sofistica para agradar amantes do grão

No dia em que é comemorado o Dia Internacional do Café, reportagem visita produtor e loja dedicados ao cliente gourmet

Fonte: divulgação/Pixabay

Além de maior exportador do mundo, o Brasil é o segundo país que mais consome café. Nesta quinta-feira, dia 14, foi comemorado mais um dia internacional do grão. Para celebrar a data, a reportagem do Rural Notícias foi a campo e registrou a reinvenção da bebida pelos produtores e as estratégias para agradar os amantes do grão.

E o resultado dessa sofisticação chega às cafeterias. Em muitas delas já é possível acompanhar a torra e a moagem dos grãos antes de provar a bebida.

O produtor Júlio Ragazzo faz parte da quarta geração de uma família dedicada ao grão desde que veio da Itália. Em Espírito Santo do Pinhal (SP), um dos polos mais importantes do café nacional, ele mantém 90 hectares plantados e alimenta um sonho: transformar o cafezal em referência na produção de tipos especiais.

“Para a gente, o que mais agrega valor à saca é a qualidade do café. Então, nós estamos empenhados em cada vez mais aumentar a porcentagem de café gourmet. A briga é essa: conseguir a maior porcentagem possível de café especial”, diz ele.

Hoje 5% da produtividade anual das fazendas da família gera cafés especiais. Cultivo que envolve um manejo minucioso. Desde a escolha da variedade que será plantada.

“A variedade plantada aqui é mais adaptada ao tipo de solo. O manejo envolve tratos culturais, a maneira como se planta o café em relação ao sol, a face que esse café está exposta. Os tratos finais, a lavagem, tudo isso vai interferir na qualidade final do grão”, diz o engenheiro agrônomo Tiago Cavalheiro Barbosa.

O mercado de cafés especiais no Brasil cresce a passos largos graças a consumidoras como a fisioterapeuta Priscila Lopes, que foi apresentada a tipos mais refinados e virou cliente fiel das cafeterias especializadas: “É bem diferente. É mais saboroso. E é bem mais gostoso tomar um gourmet do que um normal”.

Na cafeteria preferida de Priscila, são mais de 50 tipos de cafés especiais, todos fabricados no Brasil e avaliados por especialistas. “Existe uma pontuação que é a tabela SCA. Se, de 0 a 100, o café passar de 80, ele é considerado especial”, diz Heitor Palermo Júnior, gerente da loja.

Além da infinidade de marcas e tipos, as cafeterias inovam em maneiras personalizadas de servir a bebida. Numa delas, o cliente vive uma experiência multisensorial. Pode acompanhar a torra, a moagem e ate coar o próprio café para, daí então, finalmente se deliciar.

“A pessoa se surpreende só de ver o café verde. Quando a gente mostra todo esse processo, a pessoa fica deslumbrada. É totalmente diferente de tudo que a gente vê em casa”, diz Palermo Júnior.

O servidor público Ezequiel Espinelli não resistiu a esses encantos. Desde que veio pela primeira vez, a cada visita ele se revela mais exigente: “Tem o perfume, né? Que a gente sente lá de fora. A gente sabe que o café foi torrado hoje. É uma delícia, o café desce bem”.