Câmara aprova convocação de Jaques Wagner

Ministro-chefe da Casa Civil terá de explicar o rigor contra os caminhoneiros na medida provisória 699

Fonte: Divulgação/Agência Brasil

O requerimento para a convocação do ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, foi aprovado nesta quarta-feira pela Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, já havia sido convocado na semana passada. Agora, os dois têm até 30 dias para comparecer à comissão e prestar esclarecimentos sobre a medida provisória 699, que endurece a penalização para quem bloqueia rodovias.

Em uma reunião tranquila, os deputados definiram a convocação de Jaques Wagner com 27 votos a favor, 11 contra e três abstenções.

Momentos antes da votação, os deputados governistas ainda tentaram um acordo, mas a bancada ruralista afirmou que um consenso só seria possível caso o Palácio do Planalto anulasse a MP 699 e retirasse as multas aplicadas aos caminhoneiros.

Segundo o deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), na próxima semana deve ser definido relator para a apreciação das emendas à MP. “Ao longo do tempo, buscou-se um diálogo com esse governo que não tem diálogo. E, portanto, a convocação. Agora, espero que o governo aproveite para demonstrar que realmente quer conversar”, diz Gorgen.

Já para os deputados governistas, o diálogo foi, sim, aberto e a convocação seria arbitrária. “O governo brasileiro está tomando todas as medidas, conversando com os caminhoneiros. Então, não faz nenhum sentido”, afirma o deputado Elvino Bohn Gass (PT-RS).

Por enquanto, a estratégia dos deputados da bancada ruralista tem sido apresentar emendas à MP. Até agora, já são duas. Uma delas anula os efeitos da medida provisória e a outra estende a multa mais alta para outros movimentos.

“Nós tentamos ampliar a medida para todos os movimentos. Não é justo o caminhoneiro ter uma penalidade que o MST e o indígena não têm. A regra precisa valer para todos”, diz Gorgen.

“A decisão é uma só. Acabou a greve, o governo conseguiu o seu intento, agora nós teremos que retirar a medida provisória que está ainda multando os transportadores. Não concordamos, pois é um ato de força, ilegal, inconstitucional. E o governo não pode usar isso pra qualquer movimento que não seja simpático”, diz o deputado Valdir Colatto (PMDB-SC).