Carne suína atinge maior valor do ano

Demanda aquecida fez alta chegar a 30% em relação a julho deste ano

A carne suína brasileira começou a semana com os melhores preços pagos ao produtor em 2015. A alta chegou a 30% em relação aos valores praticados em julho deste ano. Em São Paulo, principal mercado consumidor da proteína no país, a arroba do animal terminado está sendo comercializada a R$ 89, aumento de 4,7% em relação ao preço pago na semana passada. Dados da Scot Consultoria apontam que o preço em setembro, até o momento, já é 22,6% maior que a média registrada no mês passado.

– Eu acredito que, nesse momento, em função da situação macroeconômica, nós estamos chegando ao ápice dos preços. Eu acho que agora acontece uma acomodação em relação a consumo, oferta e demanda, e os preços ficariam em volta de R$ 88, no máximo R$ 90 a arroba para o mercado paulista. Dessa forma, nós acreditamos que chegamos no final de outubro ao ápice do preço – projeta o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suíno, Valdomiro Ferreira Jr. 

Para os especialistas, a queda no consumo de carne bovina no mercado interno e a demanda externa teriam impulsionado as altas. Até a terceira semana de setembro, o Brasil embarcou 33 mil toneladas de carne suína in natura, uma média quase 60% maior que a registrada no mesmo período do ano passado.

– É um recorde absoluto, muito interessante pra nós produtores, porque é sinal de que a nossa carne está sendo reconhecida, nós estamos ganhando espaço até muito em função desse dólar alto, aqui facilita muito essas negociações, mas sem dúvida nenhuma a grande qualidade hoje do rebanho, da tecnologia de produção que nós temos aqui, tem facilitado e dado maior poder de barganha aos nossos exportadores brasileiros – comenta Marcelo Lopes, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos.

Rubens Valentini, produtor do Distrito Federal, já observou que a carne suína vem crescendo em demanda. Com isso, o produtor se beneficiou de um mercado bastante apertado em termos de oferta. O preço da carne suína sempre tem relação com o preço das outras carnes, um movimento genérico das proteínas no Brasil.

Outro balanço positivo comemorado pelo setor é o de números de abates de animais no último trimestre, os maiores dos últimos dez anos.

– A nossa produção de suínos, historicamente nos últimos dez anos ela vem crescente, esse ano nós atingimos o maior abate no último trimestre dos últimos anos. E a gente tem um bom preço no mercado interno. Isso quer dizer que, efetivamente, o brasileiro está consumindo mais carne suína – aponta Lívia Machado, coordenadora do Projeto Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura.

Nesta terça, dia 29, um evento em São Paulo discutiu os rumos do mercado da carne suína no Brasil, setor que, ao que tudo indica, encerra 2015 estável.

– Acho que no final o ano vai ser positivo, mas não acredito num ano excepcional, uma parte do ano não foi tão bom, mas eu acho que não têm estoques. O que preocupa um pouco é o poder aquisitivo da população, uma deterioração da capacidade do consumo, isso pode impactar um pouco, mas não tem grandes estoques, a exportação está fluindo bem, nada é de tudo bom, nem de tudo ruim – pondera o produtor de Itu, no interior de São Paulo, Olinto Rodrigues.

Para Adolfo Fontes, analista da área de proteína animal do Rabobank, 2015 fecha positivo, com crescimento na produção na ordem de 5%, de acordo com as projeções do banco.

– As exportações também devem crescer nessa ordem de 4,5%, e com isso o setor vai fechar bem positivo – diz o analista.