Chuva contínua pode reduzir produção de arroz no RS em 10%

A janela de semeadura na região vai até 15 de novembro e produtores rurais correm contra o tempo para amenizar as perdas

Fonte: Bruna Essig/Canal Rural

O excesso de chuva castigou e deixou em estado de emergência mais de 20 cidades do Rio Grande do Sul. na agricultura, o clima foi o principal vilão para os produtores de arroz, que tiveram atraso na semeadura, o que poderá implicar na redução do volume produzido no estado, que representa 70% da produção nacional.

O produtor Cristiano Martins, por exemplo, tem 270 hectares de arroz que são cultivados no sequeiro e a chuva tem impedido o plantio nesta temporada. “Estamos bastante preocupados, pois o planejamento foi feito e os insumos já foram comprados com muita dificuldade para podermos cultivar no início de outubro”, disse.

A janela de semeadura na região vai até 15 de novembro e, mesmo correndo contra o tempo,Cristiano sabe que pode colher menos. “Eu acho que podemos ter uma queda de 20% a 30%, pois sabemos que a chuva parando em até 15 dias nós conseguiremos plantar”, contou.

No ano passado, mais da metade da área de arroz do Rio Grande do Sul já estava semeada nesta mesma época do ano. Em 2017, no entanto, é de um pouco mais de 20%. “Temos 21% de área semeada no Rio Grande do Sul, somando um pouco mais de 200 mil hectares. Mas a condição dessa semeadura está muito longe da condição ideal”, analisou o pesquisador do Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), Rodrigo Schoenfeld.

O que agrava ainda mais a situação é o tipo de cultivar que é plantado no Rio Grande do Sul. “Mais de 50% do estado utiliza a cultivar Irga 424 RI, que tem como característica o ciclo médio, que o torna ainda mais dependente de época de semeadura. Eu diria que esse material teria que ser semeado, no máximo, até 20 de outubro. A cada semana de atraso no plantio, reduzimos o potencial produtivo em torno de 15 a 20 sacos por hectare”, disse Schoenfeld.

Com isso, o instituto espera redução no volume total de arroz colhido no estado em torno de 10%, ou seja, de 800 mil a 1 milhão de toneladas a menos em relação a um ano normal do ponto de vista climático.