Custos de produção de ovos devem subir nos próximas dias

A alta no preço do milho já está prejudicando o setor; pesquisador chega a comparar o atual cenário à crise de 2016

Fonte: Paulo Pinto

A cidade de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo recebe o Congresso de Ovos, organizado pela Associação Paulista de Avicultura (APA), de 20 a 22 de março. No primeiro dia do evento, um dos temas mais debatidos foi o aumento nos custos de produção. A alta no preço do milho é motivo de alerta para quem produz.

Marcos Iguma, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), afirma que a entidade tem acompanhado as cotações e, nas principais praças, a saca está sendo negociada a cerca de R$ 40, prejudicando, segundo ele, os produtores. “Acaba remetendo a gente àquele período da crise que tivemos em 2016”, diz. E as notícias não parecem muito promissoras, pois, segundo o pesquisador, os gastos tendem a aumentar nos próximos dias. 

Outro tema abordado no evento em Ribeirão Preto foi o bem-estar animal. Ainda em 2018, o Ministério da Agricultura lançará uma cartilha de boas práticas, voltada para esse setor produtivo. O projeto é fruto da parceria entre ministério, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/Usp).

“Visa, na verdade, para esclarecer e desmistificar as questões relacionadas ao bem-estar animal”, conta Iran Oliveira, coordenador do Núcleo de Pesquisa em Ambiência (Nupea), da Esalq/Usp. Além disso, ele acrescenta que, de forma didática, o material também mostrará ao produtor que muitas dessas boas práticas já estão sendo aplicadas nas propriedades.  

O produtor rural João Reis diz que a cartilha é de suma importância e vem para balizar mais o setor, tanto da avicultura convencional quanto da alternativa. “É um melhor posicionamento quanto à necessidade de equilibrar o tripé de saúde humana, saúde animal e melhor ambiência”, defende.

Lado bom

Em fevereiro, as exportações de ovos cresceram 130% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Agora, com a quaresma , o mercado interno fica ainda mais aquecido. “Ajuda a diluir essa produção e, realmente, dá uma impulso nos preços. O consumo da população brasileira, que é geralmente de carne bovina, acaba sendo migrado para o ovo, nesse período”, explica Iguma.