Dólar baixo: é hora de comprar adubo

A queda da cotação da moeda americana e os altos estoques mundiais de fertilizantes compõem um cenário favorável ao produtor capitalizado

Fonte: Pixabay/divulgação

A queda na cotação do dólar frente ao real traz uma ótima oportunidade para o produtor que está com dinheiro em caixa. Especialistas garantem que este é o momento mais favorável para a compra de insumos, como fertilizantes, para a próxima safra.

De acordo com o economista Luiz Henrique de Almeida, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), houve desaceleração na compra de adubos no mercado internacional, por conta da queda nas cotações de commodities. A menor demanda pelo produto teve reflexos sobre o preço. Esse cenário, somado ao dólar em queda, beneficia o produtor brasileiro. 

Muitos agricultores capitalizados já perceberam a oportunidade. Dados da Associação Nacional para a Difusão de Adubos (Anda) apontam que apenas no mês de abril as entregas de fertilizantes no Brasil cresceram 13%, na comparação com o mesmo mês de 2015.

De janeiro a abril deste ano, o dólar teve queda de 12%. No mesmo período a participação do fertilizante no custo de produção caiu em todas as regiões brasileiras. A maior baixa foi de quase 9% em Rio Verde (GO), e a menor queda foi registrada na Região Sul, com 1,7%.

Para Almeida, do Cepea, apesar da relação de troca favorável, o produtor precisa se precaver antes de fazer negócios. “Primeiro, (é preciso saber) se ele está capitalizado neste momento de restrição de crédito na agricultura; e, num segundo momento, ele tem que levar em consideração como vai ser a variação do dólar nos próximos meses”, afirma o economista.

Essa oscilação dependeria exclusivamente de decisões políticas tomadas no Brasil no próximo trimestre, na avaliação do coordenador do curso de Economia da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), Paulo Dutra. O eventual afastamento definitivo da presidente Dilma Rousseff, segundo ele, traria estabilidade ao câmbio, possivelmente com tendência baixista. 

Por outro lado, se a moeda americana continuar estável no próximo semestre, o economista Paulo Dutra lembra que o Brasil perderá competitividade no setpr agrícola. “É necessário que nós nos programemos agora para enfrentar possivelmente um real mais forte. Olho no dólar e planejamento de caixa”, afirma.