Dólar valorizado não garante mais receita, mas minimiza perdas

Commodities tiveram queda de preço internacional e, em alguns casos, houve redução de volume embarcadoA valorização do dólar, que subiu 7,02% nesta semana e chegou a R$ 3,05 na sexta, dia 6, não garante aumento de receita com as exportações das commodities agrícolas.

A maior parte dos produtos exportados teve queda de preços no mercado internacional e menor demanda. No entanto, a moeda americana com cotações mais altas minimiza as perdas do setor.

Soja, milho, algodão, carnes, suco de laranja, açúcar. Todos esses produtos tiveram queda no preço de exportação em fevereiro, na comparação com o mesmo mês do ano passado. Alguns artigos também tiveram menor volume embarcado para o exterior. É o caso da carne suína, que teve receita de R$ 160 milhões, o que representa uma queda de 21%.

– A Rússia, maior importador e em crise profunda, tem dificuldade de importar em janeiro, por causa dos portos congelados. Em fevereiro, começou (a importar) alguma coisa e em março melhora, sem dúvida. Nós temos que desconcentrar, não podemos ficar na mão de Leste Europeu. Temos que abrir mais mercados e é o que a gente está fazendo, no Japão, no México, etc., para a carne suína – afirma o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal, Francisco Turra.

Para o diretor técnico da Informa Economics FNP, José Vicente Ferraz, a queda de valores das as exportações brasileiras de carne bovina é um reflexo da diminuição de receita advinda do petróleo de importantes países compradores.

Mercado interno

Em alguns casos, a queda da exportação está relacionada ao mercado interno. É o que acontece com a soja em grão, que apresentou queda nas exportações em fevereiro por causa da greve dos caminhoneiros e do atraso da colheita. O volume embarcado, de quase 870 mil toneladas, foi 65% menor do que o exportado no mesmo mês em 2014. 

Para o economista Jaison Vieira, o dólar valorizado deixa o produto brasileiro mais competitivo, o que não é sinônimo de maior lucro.

– Um dólar mais alto impacta no custo, porque boa parte do custo do produtor rural — insumos, sementes, rações, diesel — são dolarizados. A energia elétrica, apesar de não ser dolarizada,  passou no Brasil por uma inflação muito alta nos últimos meses. O próprio combustível está sofrendo com a questão do dólar, apesar da queda do preço do petróleo. Tudo isso impacta no preço e no rendimento final que o produtor tem com a exportação – explica o economista.