Economia vai voltar a crescer em 2018, mas analistas pedem reformas

Especialistas apostam em aumento nos gastos do brasileiro, elevação do PIB e Selic no menor patamar da história, porém acreditam que alterações na política fiscal e na Previdência são fundamentais para crescimento

Fonte: Pixabay

Depois de dois anos de recessão, a economia brasileira deve voltar a crescer, de acordo com analistas. Eles apostam em uma alta de 3% no PIB e em uma taxa Selic de 6,5% em 2018. No entanto, para dar continuidade ao ciclo de crescimento, o governo teria que colocar em prática reformas que não devem sair do papel neste ano.

Os especialistas acreditam que os gastos das famílias brasileiras devem aumentar pelo menos 3,5% esse ano. Este seria um reflexo da redução do endividamento, que em 2015 chegou a comprometer 23% da renda mensal dos lares no país – hoje, a proporção estaria abaixo de 20%. A expectativa é de que o equilíbrio nas contas da população libere mais de R$ 100 bilhões à economia do país.
 
Para o economista Jason Vieira, o ciclo de crescimento econômico viria ocorrendo desde o ano passado, beneficiando a população e o consumo. “O que vai haver agora com o crescimento econômico é a melhora da qualidade dos produtos consumidos, e o produtor acaba se beneficiando também pela venda de produtos de melhor qualidade”, diz.

Selic
 
O mercado espera que o Banco Central oficialize na próxima semana o corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros. Se a queda for confirmada, a Selic passa a operar a 6,5%, menor patamar na história da economia brasileira.
 
Para os economistas, este deve ser o último corte na Selic neste ano. Apesar da redução dos juros, o governo deve manter uma postura mais conservadora na concessão de benefícios, como as linhas de crédito.
 
Sócio da consultoria Tendências, Silvio Campos acredita que não se deva esperar mais por subsídios elevados em linhas ligadas aos bancos públicos em geral, BNDES etc. “Na verdade, isso já está acontecendo, de modo que as taxas tendem a ficar mais próximas ou naturalmente um pouco acima das taxas de mercado, no caso, da taxa Selic”, afirma.

Já a inflação deve ficar abaixo da meta. O último relatório realizado com base na pesquisa do Banco Central projeta índice de 3,9% em 2018 e de 4,2%, em 2019. Os dois valores estão abaixo da meta da inflação previstas para cada ano.
 
“A perspectiva em relação ao item alimentação foi um dos grandes impactos negativos para a inflação no ano passado, ajudou a continuidade do ciclo de juros e deve continuar ajudando neste ano”, acredita Jason Vieira.

Câmbio 

A previsão para o câmbio é de instabilidade, principalmente no segundo e terceiro trimestres do ano, período que antecede a disputa eleitoral no país. “Até a definição do quadro eleitoral, é viável pensarmos em um câmbio que passe a operar acima de R$ 3,30 (por dólar), eventualmente até mesmo acima de R$ 3,40, dependendo das pesquisas, de todo o desenho do cenário eleitoral, que será obviamente determinante no comportamento do câmbio não apenas antes das eleições, mas principalmente depois delas”, diz Campos, da Tendências.
 
Apesar da expectativa de um ano menos turbulento, o mercado financeiro reafirma que o impulso para a total recuperação econômica depende das reformas fiscal e da Previdência. O economista Vieira afirma que 2018 está “praticamente ganho”, mas 2019 ainda dependeria da questão fiscal. “O orçamento foi feito pelo governo anterior, e não se sabe quem será o próximo governo. Existem impactos fiscais grandes que vão acontecer em 2019 e, sem a reforma da Previdência, pode acontecer de o crescimento econômico projetado para o próximo ano não ocorrer”, diz.