Feijão: produtores esperam boa safra em SP, mas preço pode decepcionar

Agricultores comemoram ausência da mosca-branca e clima; segundo analista de mercado, no entanto, boas cotações como as de 2016 não vão se repetir neste ano

Fonte: Sebastião José de Araújo/Embrapa

Produtores de feijão do interior de São Paulo estão animados com a safra. Nesta temporada, o clima ajudou e as pragas e doenças mais comuns não assustaram. A produtividade esperada para a colheita que começa em junho é de, no mínimo, 50 sacas por hectare.

Para o produtor rural Nelson Saldanha, que este ano dividiu a plantação entre o feijão-preto e o carioca, a expectativa é receber R$ 170 por cada uma das sacas. “O feijão-preto é 15 dias mais rápido do que o carioca e, por causa disso, eles não ficam concorrendo. O pessoal planta bastante carioca e o feijão-preto acaba saindo mais rápido e com um preço melhor”, disse o produtor rural.

Neste ano, agricultores paulistas comemoram a ausência da mosca-branca, praga que costuma acabar com lavouras inteiras ao se alimentar da seiva das plantas. Segundo o técnico agrícola Felipe Almeida, vários fatores contribuíram para a ausência da praga. “Como o clima está normal, os produtores aguardaram as colheitas de soja das áreas vizinhas para que a mosca-branca não fique na área plantada. Então, colheu a soja e a praga não tinha local para sobreviver e continuar o ciclo dela”, afirmou.

A estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de que o Brasil produza 3,2 milhões de toneladas, o que representa 30% a mais que em 2016, quando o clima prejudicou a produção e fez o preço do alimento disparar. “Nós tivemos a presença do El Niño e a tivemos quebra. Nós tivemos queda de produtividade, com problemas sérios em alguns estados e tivemos um aumento de preço. Come esse aumento, o consumidor diminuiu o consumo”, disse a analista de mercado Sandra Hetzel.

Para a especialista, geadas pontuais como a que ocorreu no Paraná na última semana, que causou problemas na qualidade do grão, ainda não são motivo de preocupação. O alerta da analista é que os preços praticados em 2016 não vão se repetir neste ano, quando a saca do feijão-carioca passou de R$ 300.

“O produtor tem que trabalhar com o pé no chão e ter a ideia de que, neste momento. o mercado ainda se situa em R$ 170 a saca do carioca tipo 1 extra. Mas você tem feijão-carioca comercial na faixa de R$ 130 a R$ 140, que é um feijão que tem uma qualidade menor. Assim, o produtor tem que trabalhar na perspectiva de preço em torno de R$ 150 “, disse Sandra Hetzel.