Governo lança aplicativo para aproximar produtores que querem recuperar nascentes

A iniciativa foi vista com bons olhos por parte do setor produtivo, mas não recebeu apoio da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), que teme que o programa Plantador de Rios se torne um “balcão de negócios”

Fonte: Divulgação

Um aplicativo de celular lançado pelo governo federal permite que produtores rurais recebam ajuda de empresas e pessoas físicas para recuperar nascentes declaradas no Cadastro Ambiental Rural (CAR). A iniciativa foi vista com bons olhos por parte do setor produtivo, mas não recebeu apoio da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), que teme que o programa Plantador de Rios se torne um “balcão de negócios”.

Para o agricultor familiar Juã Pereira, que produz frutas, hortaliças e madeira em um sistema agroflorestal no Distrito Federal, o problema hídrico é uma preocupação. Quando ele entrou na propriedade, há pouco mais de uma década, só minavam água no período chuvoso e agora, mesmo com a recuperação do solo, o problema com água ainda assombra o produtor.

“Nesses últimos três anos tivemos uma queda muito grande na quantidade chuva no Distrito Federal, que fez com que essas águas acabassem secando cada vez mais rápido. Agora, o apelo para poder recuperar as nascentes é mais forte”, disse o produtor.

A nascente da propriedade de Juã fica no limite com a propriedade de seu vizinho. Ele protege a área, mas do lado de lá da cerca, nada é feito.  Por esse motivo, o produtor rural pede apoio para divulgar a importância de todos participarem do processo de manutenção das receitas.

Diante desta angústia, ele acabou encontrando um alento com o aplicativo de celular.  Com ele, produtores rurais e empresas que colaboram com serviços ambientais poderão se comunicar para recuperar nascentes juntos. A tecnologia exibe todas as nascentes declaradas no CAR e, a partir daí, é possível adotar uma delas e doar mudas, serviços e apoio para proteger a área. Assim que o produtor aceita o auxílio, a parceria já pode começar.

“A ideia é você ter um programa que estimule quem não declare a declarar, para receberem apoio. A obrigação, em primeiro lugar, é do proprietário ou possuidor, mas nós estamos gerando uma oportunidade para aqueles que declararam as nascentes ter a possibilidade de receber apoios na manutenção delas”, disse o diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro, Raimundo Deusdará Filho.

No caso da propriedade de Juã, quem apadrinhou a nascente foi a Associação dos Engenheiros Florestais do Distrito Federal. A entidade se disponibilizou a dar assistência técnica ou doar esse serviço. “O Juã tem até um excedente de florestas e, daqui pra frente, nós temos que ver de que forma esse excedente que ele tem possa ser traduzido em benefícios ambientais para ele em termos financeiros. Nós podemos, ainda, fazer com que outros proprietários da região onde ele está situado visitem essa área exemplar”, disse o conselheiro da associação, João Carlos Nedel.

Outro beneficiado foi o produtor Daniel Carneiro, que recebeu a doação de 30 mudas de uma pessoa que queria ajudar a recuperar uma nascente que está desprotegida. “O produtor rural tem muitos gastos e, muitas vezes, não tem como pensar muito na preservação e conservação do meio ambiente por ter uma fonte de renda apertada. Então, é importante que não apenas o poder público e sim a coletividade esteja envolvida no tema”, comentou o agricultor.