Governo Temer fez bem ao agronegócio? Veja opiniões

Setor foi atendido em várias frentes, mas agricultores familiares não aceitarem bem algumas mudanças do novo governo

Fonte: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O primeiro ano do governo Temer foi marcado por crises e avanços. Nesse período, o setor do agronegócio foi atendido em várias frentes, apesar de os agricultores familiares não aceitarem bem as mudanças do novo governo.

Logo que assumiu o Ministério da Agricultura, Blairo Maggi implementou o programa Agro + e formou um grupo de trabalho que começou a discutir um novo modelo para o seguro rural, que não apresentou resultados até agora. Outro marco da gestão de Maggi foi a deflagração da operação Carne Fraca, pela Polícia Federal, que identificou irregularidades na fiscalização de frigoríficos. A notícia causou o fechamento de mercados no mundo todo, mas a ação rápida do ministério ajudou a reduzir danos.

“Foi um time de craques, liderados pelo ministro que foi um craque nisso e conseguiu, na crise da carne, fazer daquele limão a melhor limonada possível, pois aquele assunto virou um caos. Eu acho que foi muito bem superado e que o ministério fez um papel bacana”, disse o diretor-executivo da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Cornacchioni.

Para o presidente da Aprosoja Brasil, Marcos da Rosa, as demandas do setor foram atendidas pelo ministro de Temer. “Elas estão sendo ouvidas e temos vários itens que reduzem os custos de produção e estão sendo tocados. Mesmo que seja no Congresso ou no Executivo, eles tiveram celeridade nesse ano e, nesse entendimento, nós tivemos um mandato muito mais de perto com os técnicos do ministério”, falou.

Agricultura familiar

Já na agricultura familiar, o setor produtivo avalia que houve retrocessos. As principais críticas são as reformas trabalhista e previdenciária propostas pelo governo federal. Para a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), os projetos mostram que a ideia do Poder Executivo é beneficiar o empresariado, deixando de lado os mais pobres.

A extinção do Ministério do Desenvolvimento Agrário e a regularização fundiária também são alvos de desaprovação. O governo enviou ao Congresso uma medida provisória que muda o processo de titulação de terras e escolhe assentados com base em editais aplicados nos municípios.

“A questão é buscar uma forma de se livrar da reforma agrária porque não há interesse de fazer isso. É o governo do latifúndio e não dos trabalhadores que querem terra. Não se faz reforma agrária por editais, ela tem todo um critério para se fazer, tem que encontrar pessoas com aptidão para terra”, disse o presidente da Contag, Aristides Veras dos Santos.

“Não é municipalizar não, mas sim dar foco para as localidades. Não é o poder público municipal que fará o assentamento, continua sendo o Incra, mas com prioridades pra pessoas que são daquela própria localidade”, disse o subsecretário de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário, Everton Ferreira.

A assistência técnica também é ponto de discordância. Segundo o governo, o início das atividades da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater), possibilitou a aplicação de R$ 160 milhões nessa área, sendo que, no ano passado, o valor ficou em R$ 30 milhões.

“A equipe já está estruturada e estamos trabalhando em conjunto para definir diretrizes e formas de trabalho. A Anater está se tornando não só operacional e, em breve, teremos técnicos e extensionistas em campo já com metas e os programas da Anater”, disse Ferreira.