Hortifrúti: mesmo com seca, preço não tem subido no Distrito Federal

Área plantada na região caiu pela metade, mas cotações não evoluíram por causa da mudança de perfil dos consumidores, entre outros motivos

Fonte: Paulo H. Carvalho/Sead

O preço baixo está desestimulando os produtores de hortaliças e frutas do Distrito Federal e nem mesmo a crise hídrica e a produção menor de 2017 estão estimulando os preços dos produtos. A área plantada na região caiu pela metade, mas o preço do produto não subiu, entre outros motivos, pela mudança no perfil dos consumidores.

“O que nós observamos do Distrito Federal e até fora é que o consumidor tradicional de supermercado, aquela dona de casa que faz o consumo dela para o ambiente doméstico, está migrando do supermercado tradicional para os chamados ‘atacarejos’, que são aqueles atacados que a pessoa física compra seus produtos por um preço mais barato”, disse o chefe de seção de estatística da Ceasa do Distrito Federal, Fernando Santos.

Maria é produtora rural e enfrenta o problema na venda de seus produtos. Ela teve que demitir sete funcionários e relata que nunca passou por um semestre tão ruim nos últimos 20 anos. “A gente pensava que a falta d’água iria ajudar na procura, mas não é o que está acontecendo. Não tem água, mas também tem o cobrador. Tá difícil”, lamentou.

O consumo médio de hortifrútis por parte do brasileiro é de 57 kg por ano. O ideal, segundo, a Organização Nacional de Saúde (OMS), seriam 140 kg. A solução, no entanto, seria equilibrar os preços para que o produtor seja bem remunerado e o consumidor pagar um valor justo.

“Infelizmente, o que é muito bom para o consumidor, algumas vezes pode não estar na mesma escala para o produtor. Por exemplo, se a gente pegar hoje o mamão, tanto o papaia, como o formosa, eles indicam que estão abaixo do custo de produção. Então, perímetros de produção do Espírito Santo e sul da Bahia, Minas Gerais, estão sofrendo com isso”, concluiu o superintendente de Abastecimento Social da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Newton Araújo Silva Júnior.