Investigado na Carne Fraca fala sobre troca de etiquetas em produtos

Segundo proprietário de frigorífico, a prática é normal quando se pretende realocar produtos do mercado externo para o interno

Fonte: Divulgação/AEN-PR

O mercado recebeu nesta terça-feira, dia 28, a notícia do fim do embargo promovido por Hong Kong à carne brasileira. Apesar disso, os reflexos da operação Carne Fraca, da Polícia Federal, ainda geram preocupação em diferentes áreas do país. A equipe do Canal Rural visitou o frigorífico Larissa, em Iporã, no Paraná. A planta é responsável pela compra de suínos de 25% dos produtores do município e é alvo das investigações da polícia.

O proprietário, Paulo Rogério Sposito, que chegou a ser preso, explicou pela primeira vez o áudio que a Polícia Federal teve acesso, no qual ele orienta um funcionário a trocar etiquetas de validade do produto.

“Tem que existir a troca de etiqueta para o mercado interno, como foi dito no áudio. Nós estamos com três containers no porto e o que vamos fazer: deixar estragar ou voltar para trocar as etiquetas e mandar para o mercado interno? É uma prática normal na qual se pede a autorização do ministério (da Agricultura) e ele libera a troca da etiqueta. Foi isso que aconteceu”, falou Sposito.

O local está com parte das operações paralisadas e produção está restrita ao mercado interno. Segundo Paulo, houve um acordo com os fornecedores e, segundo ele, os pagamentos estão sendo feitos aos poucos.

Acúmulo de animais

Os animais estão se acumulando também nas granjas da cidade de Entre Rios do Oeste e o principal frigorífico que compra os animais da região não consegue fazer os pagamentos em dia.

“Os frigoríficos começaram a suspender o abate quando começou o problema de queda de preço. Nossos animais estão represando nas instalações, mas existe um fluxo de produção com o nascimento de leitões e animais que já tinham que ter saído, elevando nossos custos”, lamentou o suinocultor Celso Resmini.

Em umas das granjas da cidade, a produção que era de 3,5 mil abates por semana acabou caindo 20% depois da operação. “A situação é muito grave, porque temos um fluxo de produção que roda toda semana. Nas últimas semanas diminuiu porque houve a suspensão de vários carregamentos e isso está acarretando o travamento da nossa operação”, disse o gerente de fomento Rodineli Luft.

Para Resmini, no entanto, toda essa crise criada nos frigoríficos acabou se espalhando por toda a cadeia de produção. “Nossa obrigação está muito bem feita. Temos animais de boa qualidade e muito bem tratados, que são produzidos respeitando o meio ambiente e regras sanitárias para que seja levado até a porta do frigorifico. Dali para frente, não temos responsabilidade e estamos pagando um preço que alguém criou para nós”, lamentou.