Luz: conta da irrigação noturna fica mais barata

Para os produtores que utilizam o procedimento, a nova regra de cobrança não resolve o problema

A conta de luz para produtores que utilizam a irrigação durante a noite vai ficar mais barata. Uma lei sancionada nesta semana muda a forma de cobrança das bandeiras tarifárias na conta de energia elétrica dos agricultores irrigantes e aquicultores. Na prática, garante o que já era de direito, o desconto especial para o consumo de energia no período noturno. Os produtores queriam o fim da bandeira vermelha no campo e reclamam que só neste ano o aumento na conta de luz foi de 50%.

Para o produtor de arroz, irrigação e secagem são responsáveis pela maior parte do consumo de energia em uma propriedade. O problema é que elas são indispensáveis, principalmente no Sul do país, onde 100% da área plantada com a cultura é irrigada.


“Isso deixou bem escassas as nossas margens de lucro. A gente até espera que a bandeira vermelha caia para ter alguns benefícios agora, durante a colheita”, diz a produtora de arroz Maria Eugênia Telles Maciel.

As bandeiras tarifárias foram implantadas em janeiro, no valor de R$ 3,50 para cada 100 kw/hora de consumo. Em março, o valor subiu para R$ 5,50 e agora caiu para R$ 4,50 para todos os consumidores. 

O produtor estava pagando R$ 45 de bandeira vermelha quando consumia 1.000 kw/h, porque não era levado em consideração o desconto ouro sazonal, que, dependendo da região, varia entre 60% e 90% para o consumo durante o período das 21h30 até as 6 h.

Com a mudança, considerando que esse produtor gastou esses 800 kw/h durante a noite e 200 kw/h durante o dia, o valor cai para R$ 16. Mas o desconto não é o bastante. Os produtores queriam o fim da bandeira vermelha.

Para o professor de agronomia Luiz Vicente Gentil, da Universidade de Brasília, o efeito é paliativo e não vai resolver o problema do aumento do custo de energia elétrica, que só este ano subiu mais de 50%. “Um produtor que pagava R$ 7.000 por mês de eletricidade está pagando agora entre R$ 10 mil e R$ 11 mil. Os custos subiram tanto que não tem mais margem de lucro para a atividade agrícola”, diz o professor.

Os custos com energia elétrica no campo também refletem no bolso dos consumidores. “Vocês viram que o feijão subiu pra caramba? Sabe qual é o problema do feijão? Energia elétrica. Os caras não estão dando conta de pagar energia elétrica”, diz José Mário Schreiner, presidente da Faeg (Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás).

O aumento é resultado da mudança nos cálculos do governo para negociar o preço das tarifas com as distribuidoras de energia elétrica. As lideranças do agronegócio temem que em 2016 isso volte acontecer.