Mato Grosso já negociou quase 38% da segunda safra de milho

Especialista alerta para risco de produtores não cumprirem contratos de venda caso o clima dificulte desenvolvimento de lavouras tardias

Fonte: Divulgação / Pixabay

Em Mato Grosso, quase 38% da segunda safra de milho já foi comercializada, segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). O valor pago ao produtor tem sido motivo de comemoração neste ano. Atento ao mercado, o agricultor Giovani Fritz, de Jaciara (MT), já negociou cerca de 60% da produção, garantindo os custos. “Base de R$ 19 a R$ 20 aqui na cidade, um preço até razoável. Dando uma produção boa, você consegue ajustar as contas e sobra um pouquinho”, conta.   

No entanto, João Birkhan, da Sim Consult, recomenda que o agricultor não corra muito na venda. “Eu não gostaria de estar no papel de quem tiver que fazer a recompra do milho, porque o preço pode estourar com uma quebra ou uma produção não tão grande quanto a imaginada, então tem que ir com muita cautela”, afirma.

A preocupação do consultor é motivada pelo atraso no plantio de parte da safra. Segundo o presidente do sindicato rural de Jaciara, Rogério Bervanger, metade das lavouras foram cultivadas fora da janela ideal. “Há risco do produtor fazer a venda e não ter milho para entregar. O agricultor tem que ter um pouco de cautela para não ter uma surpresa lá na frente”, alerta.

O que pensa o produtor?

Fritz conta que o clima tem favorecido o desenvolvimento da lavoura. “Até agora, está uma maravilha! Chovendo quase todo dia. Tem dado um solzinho para as máquinas fazerem os tratos culturais”, relata. O produtor conta que investiu em tecnologia e deve acabar produzindo mais por hectare, algo entre 120 e 130 sacas.

O otimismo só não é maior por conta do atraso da janela de plantio, que acabou comprometendo os planos do agricultor. A área ficou 500 hectares menor e a falta de chuva, lá na frente, preocupa. “Se o clima correr de acordo como está prometendo: talvez com uma chuva em maio não teremos muito problema. Mas clima é clima! A gente planta e espera colher tudo lá na frente, mas tem milho pequeno que precisará de chuva no final de abril. Se não vier, comprometerá aquele talhão mais tardio, certamente não dará produção boa como os primeiros”, diz.