Milho despenca e analistas já preveem preços menores em 2017

Alguns fatores justificam a queda de preço da saca do milho nos últimos meses, como a entrada de mais de 40 milhões de toneladas da segunda safra brasileira e queda da cotação do dólar

Fonte: VisualHunt/divulgação

A Câmara de Comércio Exterior prorrogou por mais três meses a importação de milho de fora do Mercosul com alíquota zero. Esta medida pode acentuar a queda de preço do produto, que vem sendo registrada em todo o país. Em mato grosso, o valor do grão já caiu quase 20% nos últimos quatro meses, desestimulado os produtores a vender o grão.

Para o diretor de Commodities da INTL FCStone, Glauco Monte, a maioria dos produtores está segurando o grão. “São poucos negócios que estão acontecendo agora. O produtor perdeu aquele melhor momento, então está tentando segurar para ver se ele consegue um melhor momento. O mercado está um pouco parado”, disse.

Alguns fatores justificam a queda de preço da saca do milho nos últimos meses, como a entrada de mais de 40 milhões de toneladas da segunda safra brasileira, a queda de 20% da cotação do dólar do começo do ano até agora e a desvalorização do valor do milho no mercado internacional com a expectativa da safra nos Estados Unidos. Além disso, a demanda externa pelo produto brasileiro também está menor.

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o país deve exportar 30% menos milho em 2016, totalizando 20 milhões de toneladas.

“Se analisarmos apenas o último trimestre de 2016, me parece que não há espaço pra quedas muito bruscas. Ele pode cair, mas a taxas menores do que nós observamos nas últimas semanas, porém, ampliando pra primeiro semestre de 2017, podemos ter quedas ainda mais intensas”, analisou o pesquisador Lucílio Alves.

Na visão do presidente da Aprosoja Brasil, Marcos da Rosa, este é o momento para a venda dos estoques. “Seria o momento de liquidarmos os nossos estoques brasileiros, que são pequenos, mas existem. A partir disso, do final do ano pra frente, já que temos muito milho sobrando, inclusive na tentativa de baixar um pouquinho mais o milho internacional, para que ele chegue mais barato para o produtor de aves e suínos”, disse.

Os produtores que negociam contratos futuros da primeira e, principalmente, da segunda safra de milho já perceberam a queda da cotação para 2017. Em Mato Grosso, existe até o risco do valor da saca ficar abaixo do preço mínimo. “Nós ouvimos negócios na região, em torno de R$ 17,50, R$ 18, R$ 19 até R$ 20. Alguns produtores, que lá no início da colheita da safrinha fizeram contratos até R$ 24, mas é muito pequena a quantidade vendida em Mato Grosso. Nos preocupa o produto que temos para vender ainda, que pode até ficar abaixo do preço mínimo que hoje é de R$ 16,50. Isto vai ligar o sinal de alerta para os produtores que ainda não fixaram nada”, concluiu o presidente da Aprosoja –MT, Endrigo Dalsin.