Novo plano econômico de Temer pode prejudicar o agronegócio?

Ouvimos representantes e economistas sobre o futuro do setor com o novo governo e as opiniões foram divergentes sobre a eficácia das medidas no agronegócio

Fonte: Pedro Morais/Arquivo Pessoal

O governo Temer anunciou nesta terça, dia 24, um novo plano econômico que cria, entre outras coisas, um teto para dívida pública e resgata R$ 100 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). As medidas anunciadas pelo governo não estão diretamente ligadas ao agronegócio, mas elas trazem consequências ao setor. E não há consenso se estas mudanças são boas ou ruins.

O Canal Rural ouviu representantes e economistas que acompanham o agronegócio para uma análise dos impactos dessas medidas anunciadas pelo governo. Com opiniões divididas, eles acreditam que o país pode voltar a crescer, mas que a devolução do montante pedido ao BNDES pode prejudicar o setor agrícola, principalmente, o crédito subsidiado.

Para o diretor executivo Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Cornacchioni, as medidas são positivas e pode fazer a economia crescer, o que beneficiaria o agronegócio. “Você melhora os fundamentos macroeconômicos, isso tem reflexo em volume disponível para investimento, em taxas de juros, em volumes de crédito, essa coisa toda. Acaba sendo indireto porque precisa acertar os fundamentos e é isto que estava de uma maneira muito ruim. Obviamente que isto tem a ver com o tamanho do déficit fiscal que está por aí, que tem uma série de outras coisas, mas o sinal é positivo para o mercado”, avaliou.

Com uma visão oposta de Cornacchioni, o economista sócio diretor da Macro Sector, Fábio Silveira, afirma que estabelecer um teto para a dívida pública, a economia permanece estagnada, ao menos a curto prazo. “O país tem um desembolso muito grande com juros todo ano e seria importante apontar para uma política de redução de juros, de redução de encargos da dívida e isto aliviaria bastante o desembolso que o estado tem com o pagamento de juros”, disse.

Já para André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, o problema está na retirada de bilhões dos cofres do BNDES. “O BNDES tem uma atuação bastante disseminada na economia brasileira, desde negócios industriais ao agronegócio. Tem vários setores que dependem em algum ponto da cadeia de algum grande investimento do BNDES”, analisou.

Para Perfeito, a ausência do BNDES dificulta o mercado de capitais e acabará gerando um custo. “O próprio governo já apontou que vai querer segurar alguns créditos, querendo mexer um pouco na forma que o BNDES atua. Vamos ver se eles vão ser bem sucedidos neste processo”, falou.