Pré-custeio agita indústrias e exige cautela dos produtores

Especialistas explicam que, antes de comprar produtos como fertilizantes, é importante ficar atento ao dólar

Fonte: Bruna Essig/Canal Rural

O pré-custeio já está disponível para que produtores rurais possam adquirir os insumos para a formação da lavoura e o cenário agita a indústria de fertilizantes, que espera um aumento nas vendas. 

Em 2015, o comércio de adubo no Brasil registrou queda em comparação com 2014. A situação também se repetiu com compradores tradicionais como os Estados Unidos, que reduziram o consumo dos insumos no ano passado com a adoção de novas tecnologias no campo, fazendo com que os preços de alguns produtos caíssem em até 30%. 

Marcelo Mello, consultor da FC Stone, explica que a movimentação de queda nas cotações dos fertilizantes se deu após uma diminuição de 6,5% das compras, principalmente do fosfato, no Brasil, contrariando o crescimento prévio de cerca de 5% durante o ano.

“Isso acabou gerando uma frustração de demanda internacional e foi o estopim do início das quedas. Começou com o fosfatado, que de novembro até agora caiu 20%, a ureia caiu posteriormente 30% e o KCL caiu cerca de 15%”, afirma.

As previsões para este ano são mais otimistas. Analistas acreditam que a demanda pelos insumos deve ser maior, pois muitos produtores já utilizaram todo o estoque de fertilizante. Com o aumento da procura, é grande a expectativa para saber como devem se comportar os preços no próximo trimestre.

“A partir de fevereiro, março, abril, nós imaginamos que vai haver uma reação sazonal por causa do começo do plantio nos Estados Unidos”, relata Mello, afirmando que o mercado brasileiro deve começar a se “movimentar bastante” devido ao anúncio do plano de financiamento do Banco do Brasil. “O momento é oportuno porque o complexo do NPK está no ponto mais baixo dos últimos anos e nós imaginamos uma reação. Não que os preços vão subir 50%, mas se o agricultor puder antecipar a compra nesse momento, é muito oportuno”, aconselha o consultor.

No entanto, o analista de mercado Daniel Dias não acredita que haverá um aumento expressivo dos preços de insumos nos próximos meses. Ele alerta que o produtor precisa ficar bastante atento na hora de negociar, principalmente porque o dólar continua em alta e descuidos podem desequilibrar o caixa da próxima safra.

“O valor bruto da agricultura brasileira é R$ 510 bilhões. Liberar R$ 10 bilhões para o pré-custeio não significa 10% do que existe de demanda no campo de capital de giro. Ele (produtor) tem que negociar direto com as tradings, com as empresas de fertilizantes, operação de barter, é o que garante”, orienta Dias.

O analista de mercado recomenda que o agricultor pare com esse “comportamento dos últimos dois, três anos, (que consiste no) ato colher em março e já ir comprar o insumo. Eu esperaria junho, julho, segundo semestre”. Ele explica que a economia tende a voltar a se movimentar após o carnaval e as empresas começarão a investir, resultando em um dólar mais baixo. “a gente vai ter um pouco de calmaria e uma necessidade de venda por parte da indústria”, finaliza.