Problemas fundiários é um dos entraves para crescimento do Matopiba

Além disso, os produtores da nova fronteira agrícola reclamam da falta de estrutura das estradas e muitas propriedades não têm acesso à energia elétricaOs problemas fundiários e as burocracias são alguns dos entraves que prejudicam os produtores da nova fronteira agrícola do Matopiba, região formada por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Outro problema grave é a falta de energia. No Maranhão, metade das propriedades não possui rede elétrica.

Fonte: Canal Rural

No Piauí, a produção cresceu mais de 153 vezes na última década, alcançando 720 mil hectares, mas com potencial de expansão para até dois milhões de hectares. Atualmente a atividade agrícola rende cerca de R$ 1 bilhão em impostos para o estado. Segundo a Associação dos Produtores de Soja do estado (Aprosoja-PI) o valor poderia ser maior, caso a regularização fundiária, que se arrasta há anos, fosse solucionado.

– O Piauí tem um cerrado pacífico, os litígios são pontuais e identificados. Nós sabemos quais são os tipos de matriculas no Piauí, onde precisa regularizar e podemos dizer com toda a segurança: 90% dos litígios são com o próprio estado – explica o presidente da associação, Moyses Barjurd.

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Um desses impasses está na área onde o produtor rural Marcelo Raupp cultiva cinco mil hectares de soja. Ele veio do Paraná com a família há 15 anos. O título provisório da terra, dada pelo estado, venceu em 2010, quando o governo deveria ter legalizado a situação.

– São mais de 50 produtores na nossa região, que estamos com título provisório e que precisa ser definitivo. Hoje a gente tem máquinas pequenas, usadas, porque não conseguimos financiar máquinas grandes pelo motivo de não ter a nossa documentação – argumenta Raupp.

A situação também é parecida no Maranhão. Lá, uma das urgências é a liberação de licenças ambientais.

– Demora, muitas vezes, mais de dois anos. Inclusive, temos exemplo de produtores que perderam o recurso que estava pleiteando para a propriedade, devido a não liberação em tempo da licença ambiental – comenta Isaías Soldatelli, presidente da Aprosoja-MA.

Energia, infraestrutura, logística e crédito. Para a Aprosoja Brasil, é possível atender às demandas, a partir de discussão e articulação política que devem começar entre os agricultores nas suas regiões.

– Para que possamos representar de forma adequada o produtor em Brasília, junto ao executivo, legislativo e frente parlamentar. Nós vimos essas principais dificuldades, uns com mais, como Piauí e Maranhão, muita demanda de logística, estradas inteiras praticamente feitas pelos gaúchos e paranaenses. Nós vimos ainda muitos problemas fundiários seríssimos que os governos não têm enfrentado e são os produtores mesmo que estão resolvendo o problema – explica o diretor-executivo da entidade, Fabrício Rosa.

Estradas

O Maranhão possui 700 mil hectares de lavouras, a produção agrícola cresce 10%, mas as estradas são um problema no Maranhão. A rodovia MA-006, com quase 300 km de extensão é uma importante via por onde a produção do extremo sul segue até o porto de Itaqui, em São Luís. Dois milhões de toneladas de grãos passam pela estrada, que tem entre os piores trechos na região de Balsas.

Energia elétrica

Outra demanda é o fornecimento de energia elétrica, que falta em, praticamente, metade das propriedades rurais. Algumas usam geradores, o que eleva o custo de produção em mais de 5%. Os agricultores acabam pagando – e caro – pelo serviço.

– Eu tive que construir 13 km de rede de alta tensão para ter energia na propriedade. Anos atrás, eu gastei R$ 174 mil, depois tive que doar isso para a concessionária, para que ela pudesse dar a manutenção nessa rede – lembra o conselheiro da Aprosoja-MA Idone Grolli.