Produtores de maçã gala da Serra Gaúcha estimam quebra de 25% na colheita

Pomares gaúchos sofreram com excesso de chuvas em todo o ciclo e com altas temperaturas durante o inverno, o que favoreceu o aparecimento de doenças causadas por fungos

Fonte: divulgação

O início da colheita de maçã da variedade gala na Serra Gaúcha já leva os produtores locais a estimarem quebra de 25% da safra. A média obtida na região nos últimos cinco anos é de 40 toneladas por hectare, mas agora espera-se um 30 toneladas, por causa do clima desfavorável durante todo o ciclo da maçã.

Os pomares gaúchos receberam excesso de chuva desde o início da safra até a colheita. Além disso, as temperaturas se mantiveram altas mesmo durante o inverno, favorecendo o aparecimento de doenças fúngicas.

O engenheiro agrônomo José Taiarol explica que o maior receio dos fruticultores é a mancha foliar da gala, chamada vulgarmente de glomerella. Além disso, outros problemas que não tiveram incidência tão grande em anos anteriores também deram as caras. “As doenças vão desde macha foliar da gala a podridão amarga e cancro”, diz Taiarol.

Apesar de agressiva, a glomerella é bem controlada com a aplicação de fungicidas, assim como ocorre com a podridão amarga. O problema é que, neste ano, a chuva constante lavou as aplicações. O cancro europeu tem trazido mais preocupação, pois os produtos disponíveis não têm apresentado uma resposta eficiente. O fungo, que se instala em regiões quentes e úmidas, apareceu em pomares do Rio Grande do Sul há cerca de dez anos.

O agrônomo afirma que, ao se constatar mudas novas de primeiro ou segundo ano, o recomendado é arrancar a planta e colocar fogo. “Deve-se fazer uma pulverização total da área onde foi feita a poda, no mesmo dia em que ela ocorreu”, ensina Taiarol.

O produtor de maçãs Gilberto José Silvestre, de Caxias do Sul (RS), está em uma região onde a chuva não dá trégua. Por essa razão, sabe que é a necessidade de reaplicar fungicidas é constante.

Ele conta que vem até dobrando as doses. “Trato com produtos bons, produtos específicos para tratar doenças”, diz ele.

Silvestre obrteve produtividade de 50 toneladas de maçã por hectare no ano passado. Nesta safra, porém acredita em redução de 25% a 30% no rendimento por área, em razão da ocorrência de doenças e da falta de frio no inverno.

Se a colheita da variedade gala promete não ser das melhores, o fruticultor espera bons resultados da maçã fuji, na qual vem investindo já há alguns anos.  Alguns exemplares estão com indícios de podridão, mas ele só terá certeza de que a doença não trará quebra de safra em março, quando começa a colheita de fuji.