Produtores querem cotas para arroz importado

Mais da metade do arroz que entra no Brasil vem do Paraguai, país que tem menor custo de  produção e chega ao mercado brasileiro com preço mais atrativo que o nacional

Fonte: Paulo Lanzetta/ Embrapa Clima Temperado

Produtores de arroz do Rio Grande do Sul querem que o governo tome medidas para proteger a produção nacional. O pedido de salvaguarda, que impõe taxação e cotas, já foi protocolado e depende agora da ação dos políticos.

“O projeto de salvaguarda vale para produtos do Mercosul, principalmente do Paraguai, que tem influenciado no mercado brasileiro nos últimos anos”, disse o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho.

Mais da metade do arroz que entra no Brasil vem do Paraguai, país que tem menor custo de produção e chega ao mercado brasileiro com preço mais atrativo que o nacional. “ É um produto que a gente precisa comprar e, por causa disso, o produto que chega de fora é que vai determinar qual o preço que se comercializa dentro do Brasil”, relatou o analista de mercado Élcio Bento.

O Ministério da Indústria e Comércio Exterior já sinalizou que não apoia a taxação. Para o MDIC, a cobrança vai contra o acordo de livre comércio entre os países do Mercosul. A Federarroz, no entanto, aposta em um decreto de 1995 para dificultar a entrada do arroz estrangeiro.

“Nós entendemos que, entre os requisitos para que se entre com estes pedidos, está o fato de o produto importado estar entrando no Brasil por um valor inferior ao custo de produção nacional. Esse produto está abaixo do preço mínimo, que no caso do Brasil é R$35”, comentou Alexandre.

Para o analista de mercado, a taxação poderia até deixar o arroz brasileiro mais competitivo, mas traria algumas desvantagens para o Brasil em outros setores da economia. “Esse é um lado bastante complicado, porque o Brasil, em termos de comércio internacional é superavitário em relação a todos os países do Mercosul, então, se nós temos um saldo negativo no arroz ou em outros produtos da base da alimentação brasileira, nós temos vantagens em outras linhas, principalmente na linha branca, de eletrodomésticos, o que acaba fazendo que não seja tão interessante para o governo entrar em atrito com esses países do Mercosul em função de um produto da cesta básica, que vindo mais barato ainda tem reflexo até positivo sobre um menor peso sobre a inflação”, finalizou.