Produtores de uva sofrem com preço baixo após atraso na safra

A safra para o período de festas atrasou no interior de São Paulo e sobrou muita uva no pé. O problema é que o período é de baixo consumo e o preço da caixa despencou

Fonte: Andrea Farias/MDA

O clima atrapalhou os produtores de uva nesta safra e, com isso, muitos agricultores perderam a janela ideal de colheita e o período bom de comercialização. A caixa, que nas festas de fim de ano custava quase R$ 6, hoje custa apenas R$ 2,50. Para o produtor Luiz Antonio dos Santos, de Louveira, no interior de São Paulo, a produtividade será acima da média para este período, mas isso não é o bastante para animar a colheita por causa da comercialização, já que a última safra teve um atraso e sobrou muita uva no pé.

“A gente fez uma poda para conseguir tirar nas festas, mas acabou atrasando por causa do clima em cerca de 15 dias. Essa uva que está no pé, era pra sair entre o Natal e o Ano Novo”, disse o produtor.

O atraso na colheita também afetou Lucas Strabello, que só vendeu 50% da safra dos oito hectares plantados. “A uva está verde ainda, mas parte dela deveria ter saído 15 dias antes do Natal e cerca de 70% deveria ter saído até o Ano Novo”, falou.

A alta produtividade da safra, 15% maior que a do verão passado, e o clima na região contribuíram para o atraso na colheita, segundo o engenheiro agrícola Daniel Fernando Miqueletto. “A brotação se dá em setembro e, de setembro a outubro nós tivemos muitas noites onde o vento frio predominou, atrasando o desenvolvimento da brotação e dos frutos”, falou.

Para tentar amenizar as perdas, o recomendado é que o produtor tente vender os cachos separadamente. “A gente está pegando uma fruta de qualidade um pouquinho inferior, com cachos menores, mas com padrão ainda de doçura e de sanidade adequados. Colocar em embalagens menores pra que o escoamento seja mais rápido é uma solução, pois se consegue agregar qualidade a essa fruta inferior e, quanto à fruta boa, também se eleva o preço em função de ter menor concorrência por causa dessa uva de segunda indo para outro mercado”, concluiu Miqueletto.