Queda do preço e doença preocupam produtores de milho em São Paulo

Após altos investimentos na cultura, agricultores de Capão Bonito (SP) encaram queda de rentabilidade 

Fonte: Divulgação/Pixabay

Como o milho chegou a preços recordes em 2016, produtores do interior de São Paulo investiram alto na cultura para esta safra e não plantaram outros grãos. Com a queda do valor, a rentabilidade também deve cair e, além disso, uma doença tem preocupado agricultores da região de Capão Bonito, no interior de São Paulo.

O Pedro Morita acompanha o desenvolvimento do milho plantado e, cuidadoso, procura pragas e doenças que podem prejudicar a sua lavoura. “Temos que entregar o milho a 14ºC no silo. Então, se colho muito úmido, a perda é grande. Esperamos a umidade abaixar para 24ºC, 25ºC pra iniciar a colheita. Para evitar isso também e perder na secagem”, analisa Morita. 

Capão Bonito fica em uma importante região produtora do estado, composta por Itapetininga, Itapeva, Buri e Itaberá. De acordo com dados da Conab, os municípios somam cerca de 85 mil hectares plantados dos 450 mil hectares da produção paulista.

A expectativa de Morita é colher uma média de 125 sacas por hectare. Parte da safra já foi comercializada e vendida a R$ 24 a saca de 60 kg. Mas, este ano, o preço não estava atrativo e o lucro deve ser de, no máximo, R$ 300 por hectare, muito diferente dos preços praticados no ano passado, quando o agricultor conseguiu até R$ 40 pela saca. “Na época, o milho estava com preço muito bom. Aí, optei pelo milho, mas como caiu demais o preço, acabei perdendo porque se tivesse plantando soja já teria colhido, teria talvez vendido e a área já estivesse plantado trigo”, conta. 

Além do preço da saca, o clima é fator de preocupação. Nesta época do ano há mais umidade e menos incidência solar, o que favorece o aparecimento da mancha branca, que afeta folhas e reduz o peso dos grãos dentro da espiga. De acordo com o agrônomo José Luis de Oliveira, a perda pode ser de até 60% das folhas. 

“A doença tem se propagado de forma bem agressiva nos últimos dias. Os produtores têm tomado iniciativas de até três pulverizações preventivas, elevando o custo de produção e tentando se adequar e segurando mais a pressão da doença”, analisa.  Para quem plantou fora do período ideal, a recomendação foi investir em variedades mais resistentes à doença, para diminuir um pouco os custos de produção. Com isso, o gasto com defensivos foi menor. Em compensação, o risco de perda é maior. 

“Temos uma pressão de geada muito forte na nossa região. Então, talvez ele nem colha aquele milho e o índice de perda dele chegue a 100%. Ele tem que começar a mudar o milho, o investimento dele na cultura com risco de perda da cultura. Fazendo esse jogo de contas, ele opta por plantar uma variedade menos suscetível à doença para reduzir o custo inicial com tratos culturais. E tentando manter um período com uma produtividade que ele possa alcançar e fechar os custos dele”, completa José Luis de Oliveira.