Setor avalia Plano Safra Empresarial como positivo

Apesar da boa expectativa, ainda há preocupação com a renegociação de dívidas

Fonte: Valter Campanato/Agência Brasil

Redução no volume de recursos, manutenção de juros e alterações nos limites de acesso ao crédito por produtor são as principais alterações entre o que foi anunciado em maio e o que passa a valer a partir desta sexta, dia 1, no Plano Safra da Agricultura Empresarial 2016/2017. O setor avalia como positivo, mas ainda espera pela renegociação de dívidas.

A primeira mudança é o valor disponível para crédito agrícola.  Anunciado antes do afastamento da presidente Dilma Rousseff, o Plano Safra 2016/2017 prometia R$ 202. A partir de hoje, porém, o produtor tem à disposição R$ 185 bilhões de reais com as mesmas taxas de juros já divulgadas, entre 9,5% e 12,5%.

A redução acontece porque a estimativa de recursos das LCAs – Letras de Crédito Agrícola, que dependem dos depósitos à vista, alcançaram R$ 19 bilhões a menos. Para o consultor de política agrícola da Frente Parlamentar da Agropecuária, Célio Porto, a diminuição já era esperada.

“Havia uma suspeita de que aquele número que saiu em cima da hora, às vésperas do impeachment, estava um pouco gordo. Foram cálculos feitos em cima de expectativa de captação de LCAs que estavam superestimados”, disse.

O setor produtivo não acredita que isso vai ser um problema, porque no ano agrícola anterior, dos R$ 187 bilhões disponíveis, R$ 166 bilhões foram contratados. Por outro lado, comemora o que considera duas grandes conquistas: a volta do extra-teto, R$ 10 bilhões que podem ser acessados a juros de 12,75%, e o aumento de limite individual de financiamento, que passou de R$  780 mil por safra para R$ 1,5 milhão por ano agrícola para o médio produtor e de R$ 1,320 milhão por safra para R$ 3 milhões por ano agrícola para os demais agricultores.

Renegociação de dívidas

Nem tudo é positivo ao produtor, já que a renegociação das dívidas não foi autorizada. Na região do Matopiba, a produção pode ser comprometida se os agricultores não conseguirem prorrogar por mais cinco anos. Outro ponto indefinido é o Seguro Rural, que o governo trabalha para alcançar R$ 500 milhões, mas que nesse momento, não passa de R$ 300 milhões. Essas duas questões podem comprometer o acesso ao crédito.

“Acredito que isso possa impactar a situação de alguns produtores de forma irreversível, o que significa que ele talvez não consiga crédito novo junto aos bancos. Essa é a grande preocupação dos produtores que terão que renegociar as dívidas, renegociar e ter certeza de que terão crédito novo, porque precisa continuar pedalando e trabalhando pra pagar as dividas”, disse Célio Porto.