Soja: 80% das lavouras do RS estão atacadas por nematoide

Larva de solo que atinge a planta pela raiz e pode acabar com a produção só foi identificada recentemente no estado, e tem causado preocupação entre os produtores

Fonte: Embrapa Soja/Divulgação

Estudo do Instituto Phytus indica que 80% das lavouras de soja do Rio Grande do Sul estão atacadas por nematoide. Essa larva de solo, que atinge a planta pela raiz e pode acabar com a produção, já é bem conhecida dos produtores de Mato Grosso. Mas ainda é uma novidade para os gaúchos e está causando muito preocupação no estado.

Os pesquisadores do Instituto Phytus analisaram solo e raízes de plantas de soja durante três safras, em lavouras de mais de 60 municípios do Rio Grande do Sul. Mais de 100 variedades da leguminosa foram estudadas para conhecer a expansão da praga no estado.

Por ser uma praga de solo e não apresentar sintomas visuais, o nematoide não é facilmente identificado na plantação. Segundo o nematologista Paulo Santos, responsável pelo estudo, as plantas atacadas pela larva ficam com a parte aérea amarelada e porte reduzido, características que se assemelham a diversos outros problemas, como deficiência nutricional e encharcamento.

Variedades

O estudo também revelou que existem variedades que apresentam potencial para diminuir ou retardar a evolução do nematoide no solo, assim como outras tendem a aumentar drasticamente a população da praga, revela o nematologista.  “O produtor tem que ter acesso a essa informação para conseguir modelar a flutuação populacional durante o cultivo”, sustenta Santos. 

O especialista explica que a rotação de culturas é fundamental para reduzir o problema. Ao se retirar do local uma planta hospedeira que multiplica o nematoide e colocar uma mais resistente, diz ele, a tendência é que haja diminuição da praga.

O pesquisador do Instituto Phytus Marcelo Madalosso alerta que ainda não é possível erradicar a larva. No entanto, ele afirma que, com manejo adequado, é possível alcançar uma boa produtividade. Madalosso diz que o ponto central para o produtor é identificar qual o nematoide que há na lavoura e, a partir daí, conversar com um nematologista para saber que procedimentos adotar na cultura.

De acordo com o pesquisador, o produtor de soja com esse tipo de problema não vai recuperar a produtividade de uma safra para outra. Ao adotar determinadas estratégias de manejo, entretanto, poderá elevar gradualmente o rendimento da área.

“A partir da segunda para a terceira safra, dependendo das ferramentas de manejo, o produtor já consegue ter retorno inclusive em áreas onde não conseguia nem colher”, diz Madalosso.

Aplicativo

Para auxiliar o produtor no combate à praga, o Instituto Phytus lançou um aplicativo para smartphones e tablets que contém fotos e informações sobre o nematoide. Além disso, contém um banco de dados com estudos preliminares sobre a resposta de variedades de soja na reprodução da praga. 

“Não há nada parecido no mercado, até porque não houve um estudo anterior a esse sobre a resposta de reprodução de nematoides nessas cultivares”, afirma a diretora-geral da entidade, Clarice Balardin.