Soja: o momento é ideal para a venda? Veja análise

Segundo especialistas, produtor deve apostar na produtividade da safra para ter bom renda, e não aguardar por uma alta nos preços

Fonte: Pixabay/divulgação

Em 2016, o Brasil perdeu o posto de maior exportador e de soja em grão do mundo para os Estados Unidos. Mas, dificilmente, não retomará a liderança este ano. Em janeiro e fevereiro o país já quebrou o recorde histórico em volume de embarque do complexo soja.

Com a perda da posição, um questionamento veio à tona: como o mercado deve se comportar neste ano para garantir mais embarques que os americanos e, ao mesmo tempo, promover uma rentabilidade interessante ao agricultor? Segundo especialistas, deve-se apostar no câmbio e manter a competitividade, o que é possível, já que o volume exportado em fevereiro foi recorde para o mês, com cerca de seis milhões de toneladas.

“O segredo hoje não é mais preço, o segredo hoje é rendimento, como a produtividade foi muito boa e possibilitou uma capitalização do produtor, é aproveitar esses momentos em que você tem uma condição de câmbio mais firme e de até aparente firmeza dos preços internacionais para vender. Não é um momento de largar as oportunidades que hoje nós estamos vivendo porque as perspectivas para as condições de preço de soja lá fora, pelo menos paro resto de 2017, é de queda, então temos que ficar atentos a isso”, disse o analista de mercado Aedson Pereira.

O governo dos Estados Unidos estimou a produção brasileira de soja de 108 milhões de toneladas para esta safra. Os norte-americanos também revisaram para cima as projeções de consumo doméstico, de 44,1 milhões de toneladas para 44,6 milhões e as exportações do Brasil de 59,5 milhões de toneladas para 61 milhões.

Logística

Caso se confirmem, os dados do Departamento de Agricultura Americano (USDA) colocam o Brasil novamente como maior exportador de soja do mundo. O diretor-executivo da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Cornacchioni, defende que é preciso melhorar a logística do país e garantir rentabilidade aos produtores, além de segurança no cumprimento de entrega dos prazos aos compradores.

“O grande problema é que o produtor paga uma conta que não é dele, pois está perdendo dinheiro no transporte, como no absurdo que está acontecendo na BR-163 nessas últimas semanas. É preocupante, pois nós temos que trabalhar para não ter esse tipo de coisa e deixar o preço dos commodities nos patamares que estão, sem nenhuma perspectiva de subida drástica”, disse.

A BR-163 citada por Cornacchioni enfrenta problemas por falta de asfalto e enorme quantidade de chuvas que caem no Pará. Das seis milhões de toneladas de soja previstas para serem exportadas em fevereiro, a rodovia foi responsável por levar aos portos de Miritituba e Santarém 1,3 milhão de toneladas. No entanto, pelo menos 700 mil toneladas não entraram nessa conta porque a carga ficou parada na rodovia.

“As imagens dos caminhões paradas na rodovia rodam o mundo inteiro e isso é muito ruim. É preciso que se fale no assunto para que ele possa ser corrigido”, complementou o diretor-geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes.