Sorgo substitui milho, se valoriza e atrai produtores em Minas Gerais

Região do Triângulo Mineiro terá queda de produtividade devido ao clima, mas expectativa de preços é super positiva 

Fonte: Lia Gomes/Montividiu (GO)

A produção de sorgo do Triângulo Mineiro estima queda de 35% nesta safra devido ao clima, mais uma vez responsável pela perda de produtividade. Mas a expectativa dos produtores é que o os preços compensem o baixo rendimento das lavouras. A colheita começa no fim de julho. 

No ano passado, a média de produtividade das lavouras na região foi de 85 sacas por hectare. Este ano, deve chegar, no máximo, a 55 sacas. A falta de chuvas e as altas temperaturas nos meses de maio e junho prejudicaram o desenvolvimento das lavouras e a formação dos grãos.

“Na nossa lavoura a previsão é colher 70% dos anos anteriores. Nós colhíamos, em média, 100 sacas por hectare e esse ano nós esperamos umas 70 sacas, mais ou menos”, relata Neuro Grolli, produtor local há 36 anos.

Grolli se mudou do Rio Grande do Sul para Minas Gerais e trouxe na bagagem, além do churrasco e do chimarrão, o gosto pelo cultivo de grãos. Este ano, ele alterou os planos e decidiu apostar no plantio do sorgo – a tendência de preços altos animou o produtor, que plantou 300 hectares na safrinha.

“Geralmente, a procura cresce quando o preço do milho fica mais alto, o sorgo varia de 70% a 80% do preço do milho. Então, o sorgo acaba sendo valorizado, vira um milho “genérico” e a procura é maior”, justifica o produtor.

Nos últimos dez anos, a produção de sorgo do estado mineiro aumentou seis vezes. Nesta safra, Minas deve produzir 550 mil toneladas do cereal em uma área de 170 mil hectares. A região do Triângulo Mineiro é a responsável por quase metade de todo o volume.

“O sorgo passou a ser utilizado não só na criação de suínos, mas também na criação de aves e na pecuária leiteira. Além disso, nós tivemos a vinda de grandes empresas para a região de Iraí de Minas, demandando esse produto na composição da ração”, conta o superintendeste da Cooperativa Agrícola Mista de Iraí de Minas, Moisés Graffitti.

Mesmo com a queda de rendimento nas lavouras, a rentabilidade do negócio ainda vai ser positiva. Isso porque o preço do sorgo pode chegar até 80% sobre as cotações do milho. E a disparada nos preços do grão vai beneficiar também a comercialização do cereal.

“No ano passado, quando o sorgo começou a ser colhido, o milho estava R$ 20 a R$ 22. Então, o sorgo era comercializado em agosto em média a R$ 15, R$ 16. Depois, no segundo semestre, aconteceu a exportação e o aumento no preço do milho, e o sorgo foi beneficiado. No final do ano foi comercializado entre R$ 30 até R$ 35. Esse ano, apesar, da queda prevista para o preço do milho, a gente acredita que ele fique na faixa de R$ 38 a R$ 40, e o sorgo deve ficar entre R$ 28 e R$ 30 o que é um preço satisfatório”, calcula a cooperativa.