Uso de abelhas melhora polinização de tomate e algodão

Pesquisa da FAO mostra que culturas mais beneficiadas no Brasil foram algodão e tomate

Uma pesquisa da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) comprovou a eficiência do uso de abelhas para polinização em sete países.  No Brasil, os principais resultados foram visto nas culturas do algodão e do tomate.

Entre 2010 e 2015, 18 instituições de pesquisa estudaram a polinização em sete culturas. O Projeto Polinizadores do Brasil, financiado pelo Fundo Brasileiro para Biodiversidade (Funbio), faz parte da rede comandada pela FAO, órgão das Nações unidas para alimentação e agricultura.

No tomate, o resultado mostrou que a visita das abelhas fez o número de frutos crescer em 12%, o peso aumentou 41% e os tomateiros geraram 11 % a mais de sementes. No algodoeiro, o que mais chamou a atenção foi o aumento de até 16% no peso da fibra e um incremento de 17% de sementes por fruto.  

– Nós temos que testar outras variedades de interesse dos produtores em diferentes regiões de produção, porque nós estamos falando em fauna de abelhas silvestres, nós não estamos falando em colocar ninhos nas propriedades, então esta fauna vai variar de acordo com a região – disse a pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Carmen Pires.

O Brasil tem 1,7 mil espécies de abelhas. Neste universo, os pesquisadores estão catalogando quais as mais dóceis e viáveis a serem produzidas e comercializadas para a polinização na agricultura. Na Europa, pelo menos quatro espécies de abelhas são comercializadas em larga escala para atender a agricultura. 

No Brasil, além de não ter esta tecnologia desenvolvida para produção de abelhas nativas, é preciso garantir o uso racional de defensivos para aumentar o fluxo de insetos. Por isso, a escolha do algodão é um desafio para estimular o uso da abelha na polinização e garantir o melhor desempenho nas lavouras.

 – O que estamos propondo e queremos testar é se fazendo o manejo de inseticidas, por exemplo, usando produtos que são comprovadamente menos tóxicos para as abelhas, aplicando em horários de menos visitação que sabemos quais são, gostaríamos de ver se com isso os ganhos ainda continuam, porque este teste lá em Sinop [Mato Grosso], ele fez a aplicação do jeito que ele fazia normalmente, e mesmo assim encontramos quatro espécies visitando o algodoeiro. Ainda é pouco quando se pensa que, na Paraíba, estamos falando em 20 espécies [de abelhas] – disse Pires.