Uva: safra de alta qualidade pode elevar preços

Excesso de calor atrapalha brotação das frutas, mas melhora qualidade. Com isso a expectativa dos produtores é ganhar mais com agregação de valor

Fonte: Divulgação

Produtores de uva do Rio Grande do Sul estão animados com a qualidade da fruta neste ciclo. Apesar de a produção não repetir os grandes volumes colhidos no ano passado, devido ao excesso de calor, a baixa oferta elevará o preço pago pela fruta e trará lucro.

Mas o sinal de alerta com o clima segue ligado, já que ele ainda pode trazer problemas e gerar uma brotação desuniforme.

Os cachos de uvas da propriedade de Jandir Tizatto, em Caxias do Sul (RS), já se mostram muito bonitos e não deixam dúvida: a lavoura está saudável. Nos 3,5 hectares onde cultiva uva bordô, niágara, isabel e seyve villard branca, o produtor não viu doenças ou pragas que colocam em risco a sanidade da fruta.

“Aqui na minha propriedade só aplicamos os defensivos preventivamente. Este ano não entrou nenhuma doença. Mas preferimos evitar. Acredito que a safra virá sem grandes problemas. Por enquanto as frutas estão sadias e muito boas”, conta Tizatto.

Para o engenheiro agrônomo da Emater Caxias do Sul, Ênio Todeschini, a safra de uva deste ano, na região serrana do estado, ficará dentro da média histórica. Esta previsão se confirma na propriedade de Tizatto, que espera colher 75 toneladas da fruta.

“Acreditamos que a colheita total desta região será de em torno de 720 mil toneladas. Isso é dentro da média. Claro, que se comparada ao ano passado, que tivemos uma super safra, a quantidade desta safra será menor. Mas, estamos comparando com a maior safra da história”, diz Todeschini.

A diferença entre esta safra e a do ano passado foi justamente o clima. O calor fora de época fez com que algumas gemas não dessem frutos. A uva necessita de um longo período de frio, algo em torno de 400 horas. Mas só teve 190 horas neste ano. Com isso a brotação ficou desuniforme, mas a qualidade da fruta não foi afetada.

“Inicialmente Isso deixou muitos viticultores preocupados, pois a maioria destas variedades dependem de um frio maior para brotar uniformemente. Porém, a fertilidade dessas plantas que brotaram estava ótima e o número de cachos também está acima da média, então uma parte compensou”, comenta Todeschini.

Segundo o produtor Tizatto todas as variedades ficarão prontas para a colheita de 15 a 20 dias antes esse ano. “Acho que foi por causa da falta de frio. Tem uma variedade, que é a moscato Embrapa, que segue um pouco mais atrasada e desparelha com o restante, mas vindo o calor agora ela vai ir bem. Calculo que lá para o início de janeiro faremos vinho novo, já”, explica ele.

Vinhos e suco também. Tudo feito direto na propriedade de Tizatto, pele sua família. Uvas com alta qualidade e baixo volume traz vantagens. “Agrega bastante valor também, porque dependendo o ano, se tiver muita oferta, o preço da uva cai. Deste jeito, com boa qualidade e menos quantidade a gente consegue agregar um pouco mais de valor”, diz.