Veja dicas de como se dar bem no financiamento de suas máquinas

Economista explica algumas linhas de financiamentos disponíveis, estratégias e o que não fazer para evitar inadimplência e endividamentos

Fonte: Fábio Santos

Sempre que o produtor rural precisa comprar uma máquina nova é a mesma situação, várias linhas de financiamento disponíveis, espalhadas em muitos bancos, com taxas diferentes e exigências específicas em cada local. Esse é o assunto da segunda reportagem da série sobre a mecanização na agricultura, que mostra como evitar armadilhas na hora de fazer o financiamento.

A verdade é que sem estas linhas de crédito seria impossível conseguir adquirir novos equipamentos, já que eles possuem valores elevados explica o produtor rural de Passo Fundo, Osvaldo Gomes. Por lá, são três colheitadeiras trabalhando noite e dia nas lavouras e sem crédito esta cena não aconteceria. “A minha última colheitadeira adquiri com uma entrada de 10%, e 8 anos de prazo de pagamento com juros de 8,5% ao ano. Eu pago uma parcela anual sempre depois da colheita, e é uma condição boa porque você já tem o produto para dar dinheiro”, comenta ele.

O planejamento para isso precisa ser bem feito pois o custo do equipamento não é só a prestação, tem juros, taxas e acima de tudo a produtividade que é preciso aumentar para poder bancar esta renovação de frotas que existe no Brasil. Gomes fez tudo certo, planejou, comprou na hora certa, está pagando as parcelas corretamente e alcançando altas produtividades. “O produtor é um empreendedor que assume riscos, pega os fatores de produção e acaba tendo que utilizar recursos de terceiros para isso. Neste momento ele tem que ter isso mesmo, planejamento”, afirma o doutor em economia da Universidade de Passo Fundo Telmo Vergara.

E para não errar ele pode escolher, de acordo com a necessidade, as seguintes opções: 

– O Pronamp, programa nacional ao médio produtor rural que financia agricultores com renda bruta anual de até R$ 1,660 milhão, desde que, no mínimo 80% desta renda venha da atividade agropecuária.

– O Moderfrota, programa de modernização da frota de tratores agrícolas, implementos associados e colheitadeiras, que financia novos e usados para produtores com renda bruta anual de até R$ 90 milhões.

– O Pronaf, programa nacional de fortalecimento da agricultura familiar, que financia pequenos produtores com renda até R$ 165 mil.

Lembrando que bancos de empresas ligadas ao setor operam com todas essas linhas, repassando ao produtor os recursos do BNDES.“Existe um portfólio de linhas créditos até bastante amplo, depende do tipo do produtor. Uma série de linhas que vem de recursos que são equalizados nos juros, ou seja, o governo acaba pagando um pouco da diferença dos juros de mercado para repassar ao agricultor e este volume é bem interessante”, conta Vergara.

Mas, antes de escolher a linha mais adequada é preciso levar em conta a capacidade de pagamento deste produtor. “Se o agricultor fará o investimento, precisa pensar que vai fazer o investimento à longo prazo. Portanto terá que ter uma ideia das suas receitas futuras, dos seus custos para saber se vai ter capacidade de pagamento”, pondera o economista.

Segundo Vergara os juros no Brasil, para o setor agrícola são baratos, pois se pegar 8,5% e descontar a inflação dará algo em torno de 5,5%. Ou seja, um juro real de 3,20%. “São juros baratos, o problema está na capacidade de pagamento, porque se ele tem parcelas de outros financiamentos e necessita de custeio para novos investimentos, é mais uma parcela na conta”, ressalta ele. “Em um momento de queda de preços, como esta acontecendo este ano, ou quebra de safra, ele não terá o volume financeiro para honrar os compromissos, esta é uma questão chave.”

O produtor Gomes já sabe bem disso e está atento não só as finanças dentro da porteiro, mas também as tendências do mercado. “Nós temos que estar sempre atentos em como esta o mercado, preços, estoques mundiais e o que é necessário fazer para ter uma maior rentabilidade”, afirma ele.

Para o doutor em economia o produtor não pode errar em vários fatores. O primeiro é se realmente precisa daquele equipamento, porque muitas vezes ele tem uma máquina, mas acha que ganhará mais com uma mais nova e moderna e ai se aperta por algo mal calculado. Outro ponto é aguardar o melhor momento para comprar, já que às vezes ocorrem descontos que irão facilitar esta compra. “O produtor precisa ficar atento para não ficar inadimplente, pois isso não é bom para ele.”, garante Vergara.