Vinícola brasileira aposta em crescimento de 20% na venda de vinhos finos

Aposta na produção de uvas de melhor qualidade, agrega valor ao produto final e resultado pode ser aumento nos negócios

Fonte: Embratur/divulgação

Os vinhos finos vem ganhando cada vez mais importância no mercado brasileiro. Tem vinícola apostando em um crescimento de até 20% este ano. Mas para isso é preciso que o produto tenha uma qualidade comprovada, tão logo a produção das uvas para a bebida exige cuidados especiais.

Ainda faltam alguns dias até a colheita na propriedade que trabalha o enólogo Fábio Góes, em São Roque (SP). A produtividade esperada é de seis toneladas por hectare. pouco em comparação com o rendimento da uva de mesa, que pode chegar a 20 toneladas por hectare.

A vinícola cultiva alguns tipos de uva para a produção de vinho. Quase todas são variedades europeias. “Hoje, estamos obtendo um sucesso maior com a cabernet franc, cabernet sauvignon, a lorena, que é branca e foi desenvolvida pela Embrapa de Bento Gonçalves e também realizamos plantio com a variedade Malbec”, diz Góes.

Mas, ali o foco não está na quantidade e sim na qualidade das uvas finas, a matéria-prima para o preparo de vinhos

“Para conseguimos um bom resultado no vinho, lá no final, temos que pensar na qualidade destas uvas finas. E pensando nisso, entram as técnicas de manejo. Não pode deixar produzir toda a uva que ela iria produzir. Temos que fazer um raleio nestes cachos, derrubar alguns para a planta produzir menos. A quantidade menor, concentrar qualidade nas uva que ficaram nos parreirais”, diz Góes.

O manejo das uvas finas precisa ser bem mais cuidadoso que o das frutas de mesa. Em outro parreiral, os cachinhos ainda estão se desenvolvendo. Aqui é feita uma poda extra, que atrasa a colheita e garante uma fruta de melhor qualidade.

“Este parreiral tem uma técnica de manejo diferenciado, que chamamos da dupla poda. Esse manejo visa fazer uma inversão do ciclo, com o objetivo de conseguir uma maturação mais completa dessa uva.. E realizando esta colheita em junho nós temos uma amplitude térmica maior, que são noites frias e dias mais quentes e a uva agradece muito uma amplitude desta”, comenta o enólogo.

Uvas de boa qualidade produzem bons vinhos, claro. E, neste quesito, as bebidas nacionais têm competido bem com as importadas. “Eles têm a vantagem de ter séculos de história. A indústria brasileira é um pouco mais nova, mas tem trabalhado e arregaçado muito as mangas para recuperar este tempo perdido, com investimentos em pesquisa e tecnologia”, garante o diretor comercial da Vinícola Góes, Luciano Lopreto.

Na loja da vinícola, uma garrafa de vinho fino é vendida a partir de R$ 50. O preço mais salgado que os vinhos de mesa não é um obstáculo para o avanço do setor. Por aqui, o crescimento das vendas tem sido superior a 10% ao ano. A expectativa é que 2018 seja ainda melhor. “O vinho fino consegue buscar um crescimento de 20%, vamos lá”, diz Lopreto.