Moratória da soja é renovada por tempo indeterminado

Acordo garante que grão proveniente de áreas desmatadas não será comercializado; 34 municípios da Amazônia estão em conformidade com o pacto 

Fonte: Roberta Silveira/Canal Rural

A moratória da soja foi renovada nesta segunda-feira, dia 9, por tempo indeterminado. O acordo, que garante que soja proveniente de áreas desmatadas não será comercializada, vem sendo renovado todos os anos desde 2008. 

“Essa renovação por tempo indeterminado da moratória da soja não significa que ela será para sempre. Vai do desenvolvimento do setor”, explicou Paulo Adário, diretor do Greenpeace. O presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Carlo Lovatelli, disse que a moratória da soja atravessou os últimos dez anos com bons resultados. “É possível produzir alimentos aliados com preservação dos nossos recursos naturais”, observou. 

Segundo informações do Greenpeace e da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), a soja continua avançando dentro do bioma Amazônia, tendo passado de 1,8 milhão de hectares em 2009 para 3,6 milhões atualmente. Apesar disso, a soja oriunda de desmatamento responde por apenas 0,8% do desmatamento da Amazônia. “Com a soja respondendo por 0,8% do desmatamento, ela não é considerada um vetor de risco de desmatamento para o bioma Amazônia”, disse Lovatelli.

O executivo da Abiove observou que, no futuro, a moratória da soja pode ser substituída por sistema de monitoramento baseado no Cadastro Ambiental Rural (CAR). Ele afirmou que semelhante ao uso do CAR, que limita a tomada de crédito, o cadastro pode criar limitações para produtor que amplia produção com desmatamento. “As instituições financeiras serão obrigadas a exigir o CAR para concessão de crédito agrícola. Todavia, as indústrias de óleos vegetais poderão, voluntariamente, adotar o mesmo critério”, explicou.

Amazônia

Dados apresentados pela Abiove mostram que, dos 76 municípios produtores de soja no bioma Amazônia, 34 estão em plena conformidade com a moratória da soja, acordo que garante que a soja proveniente de áreas desmatadas não será comercializada. O restante está parcialmente ou totalmente fora do arranjo. O levantamento revela ainda que seis municípios, sendo quatro em Mato Grosso e dois no Pará, são responsáveis pelo plantio de 50% da soja em desacordo com a moratória.
 
Para a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, é preciso levar a moratória para outras culturas e biomas. Ela celebrou o impacto da moratória da soja, produção que atualmente é responsável por 0,8% do desmatamento na Amazônia, número considerado pequeno e que mostra que o grão oferece baixo risco de desmatamento. “É óbvio que precisamos fazer mais. Temos de ter zero de desmatamento. É uma vitória do ponto de vista da construção política entre o setor público, privado e as entidades não governamentais”, observou a ministra.