Mudança climática deve interromper recordes de produção de soja em Mato Grosso

El Niño provocou mudança brusca no padrão climático no fim de 2015, com volume acumulado de chuva 20% menor que a média histórica

Fonte: Lucas Costa Beber/Nova Mutum (MT)

O estado de Mato Grosso pode ter interrompida em 2015/2016 a sequência de seis recordes consecutivos de produção de soja em virtude do fenômeno climático El Niño, aponta a consultoria INTL FCStone. 

“A produtividade deverá ficar cerca de 5% abaixo do registrado no ano passado (que coincide com a máxima histórica), em 49,26 sacas por hectare”, destaca a analista Natalia Orlovicin no estudo “Giro da Safra I – Mato Grosso e Mato Grosso do Sul”, feito após visitas a lavouras dos dois estados. 

Segundo a consultoria, o El Niño provocou uma mudança brusca no padrão climático do estado no fim de 2015, com volume acumulado de chuva 20% menor que a média histórica. A INTL FCStone prevê para o estado colheita de 27,3 milhões de toneladas no estado, queda de 2,7% em relação a 2014/2015. 

Conforme a consultoria, o norte mato-grossense foi a região mais afetada pelo tempo mais seco no terceiro trimestre do ano passado. Embora as chuvas tenham se regularizado em janeiro, o volume de precipitação acumulado ficou 35,5% abaixo da média para esta época do ano.

“Isso deverá ter impacto na produtividade média,  estimada em 48,75 sacas por hectare”, explica Natalia. Nova Mutum, por exemplo, área visitada pela equipe da INTL FCStone, registra grande diferença de rendimento dependendo do talhão colhido e 600 hectares dos 22,7 mil hectares precisaram ser replantados. 

Considerada a soja já retirada, a produtividade média é de 40 sacas por hectare, contra as 46 sacas/ha no ciclo anterior. “Espera-se que a produtividade melhore um pouco com o avançar da colheita”, acrescenta a analista Ana Luiza Lodi na nota.

Já em Mato Grosso do Sul, as chuvas foram abundantes e até chegaram a atrapalhar o andamento do ciclo no início, mas em janeiro o padrão mudou. O volume de chuvas foi muito menor do que o normal para o período e as temperaturas se elevaram bastante, especialmente no sudoeste do estado. 

No centro-norte do estado, o clima foi mais favorável. No entanto, como a umidade do solo já estava bem elevada desde o fim de 2015, o rendimento pode se manter em patamar acima das 50 sacas por hectare. A estimativa da FCStone é de produção de 7,1 milhões de toneladas de soja no estado, praticamente estável em relação ao ciclo passado.