Possível proibição do plantio de safrinha de soja no Paraná causa reação

Governo estuda antecipar o começo do vazio sanitário no estado 

Fonte: Jecson Schmitt/Arquivo Pessoal

Produtores do sudoeste do Paraná expressaram na terça, dia 29, preocupação com a possibilidade de proibição do plantio de soja safrinha no estado, em audiência pública realizada na Assembleia Legislativa paranaense, segundo comunicado divulgado da Secretaria da Agricultura do Estado.

Entretanto, a Federação da Agricultura do Paraná (Faep) e a Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar) se manifestaram a favor da proibição para evitar a disseminação da ferrugem.

O governo paranaense estuda antecipar o começo do vazio sanitário, período em que não é permitido nenhum tipo de planta viva de soja no solo, de junho para maio, quando termina a colheita, a partir dos resultados de pesquisa da Embrapa Soja.

Atualmente, o vazio sanitário no Estado se estende de 15 de junho a 15 de setembro. O vazio estendido, se adotado, busca interromper o ciclo do fungo e diminuir o custo da aplicação de fungicidas, conforme o presidente da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar). Pesquisadores argumentam que o fungo desenvolveu mecanismos de resistência, os fungicidas disponíveis no mercado perderam eficiência e não há novas moléculas previstas para serem liberadas nos próximos oito anos.

A audiência foi convocada a pedido dos dirigentes da Cooperativa Mista São Cristóvão (Camisc), de Mariópolis. O presidente da cooperativa, Nelson De Bortoli, se disse preocupado com a possibilidade de que o plantio de soja em safrinha seja proibido. Ele alegou que os municípios de Mariópolis e de Clevelândia dependem dessa cultura, alternativa mais viável economicamente para produtores na região no período da safrinha.

Segundo ele, sojicultores já adquiriram insumos para 2015/2016 e podem amargar prejuízo. Outros representantes do setor produtivo, como Faep e Ocepar, todavia, são a favor da proibição.

– Toda vez que fomos contra a pesquisa levamos prejuízos – afirmou Nelson Costa, superintendente da Ocepar, conforme a nota da secretaria.

A mesma posição foi adotada por Pedro Loyola, chefe do departamento técnico e econômico da Faep.

O secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, acenou então com a possibilidade de proibir o plantio da soja safrinha apenas a partir de janeiro de 2017. A partir desse prazo, o vazio sanitário no Estado seria estendido. A decisão será divulgada mediante portaria da Adapar nos próximos dias, conforme a secretaria.