Variáveis externas causam forte queda em contratos a termos de soja em Mato Grosso

Para o milho, área de segunda safra ainda é incerta, devido a previsões de pouca chuva para período produtivoAlém dos baixos volumes de chuvas que preocupam as condições produtivas da safra 2014/2015 da soja em Mato Grosso, outro fator que vem atraindo a atenção dos produtores são as variáveis externas. Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), estas informações já contribuem para o recuo acentuado das cotações internas do grão neste mês.

A retração do dólar, juntamente com a queda observada em Chicago, ambos, em apenas duas semanas, afetaram de forma drástica as cotações dos contratos a termo, travados entre os produtores e as trades, no Estado. As cotações do contrato a termo para mar/15 saíram de patamares próximos a R$ 50,00/sc para níveis próximos a R$ 42,00/sc na última semana, pouco remuneradores e que já afetam as vendas deste mês. 

Apesar de o Imea não ter ainda um percentual das vendas de janeiro, já se nota uma comercialização retraída em relação aos últimos meses em decorrência dos baixos preços. Se este cenário não melhorar, as vendas realizadas neste ano podem apresentar preços que tornam a rentabilidade desta safra comprometida.

Cenário econômico

O governo federal tem mostrado grande austeridade no que diz respeito à economia neste início de ano. Uma das políticas fiscais adotadas foi o aumento dos impostos PIS/Confins e Cide sobre a gasolina e o óleo diesel, a partir do dia 1º de fevereiro. 

A medida pode elevar em R$ 0,15 o litro do diesel, impactando consideravelmente o agronegócio dentro e fora da porteira, uma vez que o diesel é largamente utilizado no transporte de fertilizantes e calcário, durante a produção; e no transporte dos grãos. Do impacto total de R$ 273,8 milhões sobre estas três atividades projetado pelo Imea, grande parte teria um peso muito maior sobre a soja, devido a sua grande relevância produtiva no Estado. 

Os custos tendem a onerar ainda mais a safra atual da oleaginosa, que já apresenta grandes desafios para este ano. Além disso, os valores criam impactos sobre o custo de produção da safra 2015/2016, que também pode apresentar desafios com a rentabilidade. 

Milho

A segunda semana da semeadura de milho da safra 2014/2015 em Mato Grosso apresentou leve avanço ante a semana anterior. Conforme o Imea, os trabalhos no campo registraram média de 3,1% da área semeada no Estado, contra o 0,94% da semana passada. Já na comparação com a safra anterior, a semeadura do cereal encontrava-se em torno de 3,8% neste mesmo período, demonstrando assim certo atraso da safra atual. 

Apesar de grande parte dos produtores já ter adquirido os insumos para a semeadura do milho, a área do cereal ainda é incerta no Estado. A preocupação que os agricultores tiveram com o mercado no segundo semestre de 2014, neste momento, foi revertida para o clima. 

Atualmente, os preços encontram-se de certa forma remuneradores, no entanto, a preocupação se volta para as previsões de chuva, que indicam baixos volumes para os meses de abril e maio em algumas regiões do Estado, podendo prejudicar a produtividade da safra. 

Dados científicos apontam que uma variedade híbrida de ciclo entre 110 e 120 dias deveria receber precipitação acumulada de 650 milímetros, de preferência com as chuvas concentradas em abril e maio, quando a planta está em fase reprodutiva. Os dados climáticos indicam que alguns municípios podem não atingir esse acumulado, o que pode prejudicar a produtividade.

Já para a região médio-norte, assim como a norte, as previsões são mais favoráveis. O acumulado de chuva entre fevereiro e maio ultrapassaria os 650 mm e o volume de precipitação tanto para abril quanto para maio estaria acima da média. 

A expectativa de menor oferta de milho no mercado interno trouxe otimismo em relação aos preços para os produtores, porém o Imea lembra do cenário baixista para a CBOT e os possíveis impactos negativos da falta de chuva sobre o bolso do produtor.