Manifestação de caminhoneiros chega ao terceiro dia

Setor vai se reunir com o governo de Mato Grosso nesta sexta; na próxima segunda, reunião será no âmbito federal, com Ministério dos TransportesPelo menos quatro Estados mantêm mobilizações de caminhoneiros contra os altos preços do combustíveis – reflexo do reajuste dos combustíveis pelo governo federal – e o impacto nos valores dos fretes.

São registrados protestos em Sinop, Nova Mutum, Sorriso, Lucas do Rio Verde, Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis, em Mato Grosso; Pranchita, Santo Antônio do Sudoeste, Pérola do Oeste, Capitão Leônidas Marques, Realeza e Marmeleiro, no Paraná; São Miguel do Oeste (entroncamento da BR-282 e da SC-163), em Santa Catarina; e em Vilhena, Rondônia. As paralisações devem ocorrer pelo menos até a próxima segunda, dia 23.

Desde quarta, dia 18, caminhoneiros e transportadores ocupam estradas em pontos da BR-163, principal rodovia de escoamento da safra de grãos brasileira. Ontem, 19, ao menos seis Estados registraram protestos: Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Goiás e Rondônia.

O presidente do Sindicato dos Caminhoneiros de Mato Grosso, Roberto Costa, lembra que hoje será realizada uma reunião com o governo do Estado para discutir as reivindicações que estão em pauta nos protestos. Ele ainda, no entanto, que provavelmente “nada será resolvido”, pois as reivindicações são de caráter nacional e precisam ser apresentadas para o governo federal. Na próxima segunda, dia 23, a discussão será levada ao Ministério dos Transportes, em Brasília. Costa informa, ainda que todo Estado de Mato Grsso trancado hoje, sem previsão de término das paralisações.

A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomis (CNTA) informa, através de nota, “que está ciente das manifestações de bloqueios em rodovias federais e estaduais que vem ocorrendo pelo país afora” e que entende a difícil situação do transporte rodoviário, “reflexo da situação econômica do país: a alta da inflação, aliada aos aumentos impostos do combustível, retrai a economia e acaba refletindo na diminuição dos fretes, o que significa menos dinheiro no bolso do caminhoneiro. Com seus ganhos diminuídos, o caminhoneiro não consegue honrar seus compromissos e muitos se encontram em situação de inadimplência perante os bancos, por conta do financiamento de seus caminhões”.

A entidade sugere que constem no plano de ação de reivindicações do setor uma diminuição do preço do óleo diesel, subsídio do diesel para o caminhoneiro autônomo e repartição dos financiamentos de caminhões para o caminhoneiro

Mato Grosso

Na pauta local também está a redução nas alíquotas de ICMS cobrado no diesel, além de um balizamento nos fretes praticados, com fixação de preços mínimos, um pedido de prorrogação dos financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e um debate da nova Lei dos Caminhoneiros. Em nota, o secretário estadual de Fazenda de Mato Grosso, Paulo Brustolin, destacou que a Secretaria de Fazenda (Sefaz) realiza um “estudo técnico sobre todo o setor de combustível em Mato Grosso e não apenas do óleo diesel”. Segundo ele, “um estudo dessa magnitude não pode ser feito da noite para o dia, pois causaria um grande impacto nas contas do Estado”. Ele reiterou, no entanto, que há espaço para diálogo.

“Quanto ao pedido de proibição de pagamento de fretes abaixo da lista de preços mínimos, o secretário Paulo Brustolin afirma que a Sefaz não pode interferir na lei de mercado e pondera que o governo do Estado já contribui com o setor, publicando uma lista com valores referenciais. Já em relação à regulamentação da profissão de motorista, o assunto deve ser tratado com a União”, informou o comunicado.

A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) informou ontem  que entende a necessidade das manifestações dos caminhoneiros em Mato Grosso, mas ressalta a importância de tais atos “não interferirem no escoamento da safra de soja que está sendo colhida no Estado”. “É preciso ter o mínimo  de ordem, pois somos elos de uma mesma cadeia, que precisa ser sustentável. Precisamos que as propriedades sejam abastecidas com óleo diesel e ter garantido o transporte da soja para os armazéns”, disse Ricardo Tomczyk, presidente da entidade.