Preço alto do milho aumenta uso de farelo de trigo na ração

De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, disponibilidade do produto alternativo é insuficiente para atender à demanda

Fonte: Divulgação/Pixabay

A demanda e as negociações de farelo de trigo cresceram nas últimas semanas em todas as regiões acompanhadas pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP) – Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina. Com o elevado preço do milho, também utilizado na produção de ração animal, parte da procura do mercado interno se deslocou para o farelo de trigo, cujos preços estão mais competitivos que os do derivado de milho.

Os moinhos, entretanto, vêm trabalhando em ritmo mais lento e por isso há menor oferta de farelo de trigo. Alguns agentes consultados pelo Cepea reportam que a disponibilidade do insumo no mercado interno não tem sido suficiente para atender à demanda. Quanto ao trigo em grão, as negociações seguem lentas, com compras realizadas de forma pontual por parte de moinhos.

Considerando-se as regiões acompanhadas pelo Cepea, o valor médio do farelo de trigo ensacado em abril foi 7,64% superior ao do mês anterior; o do farelo a granel, 5,48% maior. Na mesma comparação, o preço do milho no mercado de lotes (negociações entre empresas) aumentou 11,3% e no de balcão (preço pago ao produtor), 10,1%.

Na sexta-feira, 6, o Indicador do milho Esalq/BM&FBovespa, referente ao grão na região de Campinas (SP), atingiu R$ 50,01/saca de 60 kg, o maior valor nominal da série do Cepea, iniciada em 2004. A média parcial do indicador em maio é a maior desde janeiro de 2008, em termos reais (valores foram deflacionados pelo IGP-DI de abril/16).

No segmento de farinhas, o mercado segue lento. Segundo o Cepea, agentes de moinhos relatam que compradores só adquirem lotes para necessidade imediata e há poucas programações para as semanas seguintes. Em São Paulo, verificou-se a entrada de farinhas do Sul do Brasil e também da Argentina, o que limita os negócios envolvendo o produto paulista. 

Parte dos moinhos tenta repassar as altas do grão, mas outros reduzem os valores na tentativa de escoar a produção. Na semana de 2 a 6 de maio, nas regiões acompanhadas pelo Cepea, a farinha para panificação teve leve valorização de 0,23% em comparação com a semana anterior; a usada para fabricação de bolacha doce, 0,19%. Já o preço da farinha para massas frescas caiu 0,64%; para pré-mistura, cotada em sacas de 25 kg, diminuiu 0,25% e, para massa em geral, 0,24%. A cotação da farinha para bolacha salgada ficou estável.

No mercado de trigo em grão, mesmo com a baixa demanda pelo cereal, produtores que ainda detêm trigo de boa qualidade estão firmes em seus pedidos de preços. Mas colaboradores do Cepea têm verificado maior demanda por trigo de menor qualidade, com a finalidade de substituir parte do milho usado na formulação de ração animal.

Na semana de 29 de abril a 6 de maio, no mercado de balcão (preço pago ao produtor), houve alta de 1,2% nos preços no Rio Grande do Sul e estabilidade no Paraná. No mercado de lotes (negociações entre empresas), a alta foi de 0,5% no Paraná; já no Rio Grande do Sul e em São Paulo, os preços caíram 1,3% e 0,4%, respectivamente.