Direto ao Ponto

Biodiesel: Abiove pode tomar medidas anti-intervencionistas contra o governo

Presidente da entidade afirma que ações podem ser tomadas caso não haja recuo da resolução federal que reduz mistura de biocombustível no diesel de 13% para 10%

A recente resolução do governo federal que reduz a mistura do biodiesel no diesel foi tema do Direto ao Ponto deste domingo, 2. O presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), André Nassar, participou do programa e disse que, se o governo não voltar atrás na decisão, a entidade tomará medidas anti-intervencionistas.

“O governo está usando o leilão público para reduzir a mistura, então a gente vai ter que trabalhar para reduzir um pouco a capacidade do governo em intervir no mercado. E existem formas para fazer isso”, disse Nassar.

O biodiesel é comercializado por leilões que acontecem a cada bimestre. Com isso, os preços desse óleo vegetal ficam fixados por dois meses. O nível de mistura no óleo diesel pode interferir no preço e demanda do biodiesel, mistura que antes era de 13% e no último leilão foi comercializada com uma mescla de 10%.

Sobre as medidas para controlar o grau de interferência do governo no mercado, o presidente da entidade declarou que isso pode acontecer por meio do Legislativo. No entanto, ele acredita que não trará resultado em 2021.

“A gente não vai resolver isso neste ano, mas tem inclusive ações no Legislativo que podem ser interessantes e que a nossa indústria vai ter que tomar”, afirmou.

Margem de esmagamento

As empresas que esmagam soja produzem em grande maioria farelo ou óleo. O termo utilizado na indústria da soja, “margem de esmagamento”, é a margem relativa que as empresas têm depois da compra, do processamento e da venda dos produtos da soja esmagada.

Segundo o presidente da Abiove, se essa margem é menor do que aquela que as empresas poderiam ter ao exportar a soja em grão, a tendência é de que optem por vendê-la dessa forma. Nesse caso, o resultado colocaria em risco outras cadeias produtivas, como a de carnes, já que a demanda pelos produtos do esmagamento não seria suprida.

“Está se criando um incentivo enorme para exportar o grão. Tem algum problema o Brasil exportar o grão? Claro que não, só que a gente não pode exportar o grão reduzindo o processamento de soja. Não é inteligente. Isso é ruim pra todo mundo. É ruim para quem vai consumir óleo de soja no supermercado, é ruim para o biodiesel, é ruim para a cadeia de proteína animal”.

*Sob supervisão de Letícia Luvison