Em outubro de 2015, a média do preço pago ao pecuarista foi de R$ 147,43 por arroba, alta de 10,7% em relação ao mesmo mês do ano passado. Esse período costuma representar o ápice de preços anual.  A presidente da Câmara do Boi da BM&FBovespa, Maria Stella Damha, afirma que a remuneração seguirá firme em 2016.

Fatores externos, como o dólar elevado e a abertura de mercados internacionais, colaboram com o panorama otimista da pecuarista. No mercado interno, a migração da produção bovina a pasto para a agricultura também refletiu nos preços. “Com isso, a gente tem uma oferta menor de matrizes, no nosso ciclo mais longo, e, portanto, de produtos dessas matrizes”, explica.

Maria Stella conta que, até pelas margens apertadas com as quais convive, a pecuária de corte tem se profissionalizado. Crescem os investimentos em melhoramento genético e a preocupação em produzir a arroba ao menor custo possível.

A família da pecuarista tem tradição em confinamento. Para eles, o planejamento começa em outubro, respeitando o ano safra (junho-julho). Basicamente, analisa-se o preço do boi magro num comparativo com a expectativa para o boi gordo, respeitando uma margem mínima de lucro. O produtor precisa ficar de olho, levando em conta os gastos com ração, medicamentos e mão de obra, comuns dentro do processo.

Apesar da perspectiva positiva, a margem para o confinador pode ser menor, em 2016. Geralmente, o confinamento começa em junho e os garrotes engordam até outubro, quando são abatidos e vendidos a um valor mais atrativo. Em 2014, por exemplo, a variação entre esses meses foi de 9,1% – a arroba saltou de R$ 121,98 para R$ 133,13. Neste ano, porém, a variação foi mais tímida: 0,5%.

De acordo com Maria Stella, historicamente, a cada boi gordo vendido, o produtor repõe 2,5 bezerros, mas hoje essa relação de troca está em dois bezerros por boi gordo abatido. Para ela, o produtor de carne tem como vantagem o desfrute menor. “Ele tem mais eficiência na arroba produzida, no acabamento de carcaça. Então, você tem uma compensação”, afirma.