Mil novecentos e catorze. O mundo sofre com o clima da Primeira Guerra Mundial. O movimento anarquista luta por melhores condições de vida e o barateamento dos alimentos – combatendo a carestia. É nesse contexto histórico que nascem as primeiras feiras livres, antes chamadas de mercados francos, por serem livres de impostos.

O livro “100 anos de feiras livres na cidade de São Paulo”, assinado pelo engenheiro agrônomo Hélio Junqueira e pela economista Márcia Peetz, dedica-se a resgatar as memórias desses fenômenos culturais. Antigamente, por serem barulhentas e sujarem as ruas – desvalorizando os imóveis próximos -, foram perseguidas, mas sobreviveram e se recuperaram. “Contar a história ao longo de cada década, como foi feito no livro, permite que a gente revisite esse passado, luta e reconquista”, afirma Junqueira.

Em São Paulo, as chácaras no entorno abasteciam as feiras livres pelas quitandeiras. A perseguição por parte do comércio estabelecido desencadeou aperfeiçoamentos: os feirantes reconhecidos. Eles traziam sua produção ainda das chácaras, sobre o lombo de burros ou em carroças. Mais tarde, com a criação das estradas de ferro, receberam o direito de viajar sem pagar.

As feiras tiveram importância econômica muito forte. Hoje, mantêm-se como parte da cultura da cidade. Junqueira exalta que mercados e supermercados nunca terão o diferencial da feira: o contato humano, o ambiente de socialização. Atualmente, São Paulo tem um conjunto bem organizado. De acordo com Junqueira, quem gosta de orgânicos, principalmente hortaliças e frutas, geralmente, opta por comprar nas feiras.