A volatilidade no preço das commodites é um desafio que o produtor precisa enfrentar após a colheita. Há 30 anos, José Roberto Pereira cultiva milho em uma pequena cidade com pouco mais de dois mil habitantes: Lourdes, no norte de São Paulo, é um desses agricultores e conhece essa realidade. No fim da safra, vendeu a saca a R$21. Menos de um mês depois, o preço melhorou e o valor chegou aos R$ 28.

A diferença podia ser amenizada não fosse um problema bem comum entre os pequenos agricultores: por não terem onde armazenar os grãos, eles são obrigados a vender durante a safra – e nesse período o grande volume de oferta faz os preços despencarem.

– É muita coisa, muito significante em preço e renda, uma vez que o lucro já é pequeno. Se você tem armazenagem, você fica com mais tempo, dá pra escalonar – diz Pereira.

Pois é, o problema de armazenagem está com os dias contados. As peças para o secador e a fornalha acabaram de chegar. A construção do silo com capacidade para estocar 50 mil sacas está fazendo a alegria da Associação dos Produtores Rurais de Lourdes.

 – O silo, a balança e, a moega estão todos prontos. O que falta agora é interligar todos eles com a máquina de pré-limpeza, secador e os elevadores para que o grão seja depositado. Nesta safra que vem, vamos ter uma felicidade imensa em ter todos esses equipamentos trabalhando e trazendo um benefício para o produtor rural – conta Franklin Querino da Silva Neto, presidente da associação.

Antes, esses produtores trabalhavam da porteira da propriedade para dentro. Plantavam, colhiam e vendiam sem perspectiva de um preço mais adequado. Vender coletivamente fortalecerá o poder de negociação dos 24 associados. Outra vantagem para os agricultores é que o grão beneficiado vale mais no mercado.

Todo o empreendimento custará R$ 1,15 milhão. A maior parte foi captada junto a financiadores internacionais, recurso a fundo perdido. A contrapartida que coube aos produtores rurais foi financiada pelo Banco do Brasil. São quase R$ 340 mil. Não pense que parou por aí. Eles já estão de olho em novos negócios. Eles pretendem investir na fábrica de ração e organizar melhor a pecuária leiteira.

– O pequeno produtor está pulando alto, de tanta felicidade! Tenho certeza que todos nós no município de Lourdes, nosso querido município, ficaremos satisfeitos de ter um pouco mais para se divertir, vai sobrar um pouquinho mais para gente sair com a patroa, ter alguma coisa na vida – conta Neto.