A Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) pediu ao governo federal a isenção da Tarifa Externa Comum (TEC) sobre o trigo importado de fora do Mercosul até o fim deste ano. “Essa é uma sugestão para baratear o custo do trigo importado e, assim, evitar o repasse integral da alta da matéria-prima para o preço dos derivados”.
A entidade estima que o preço do trigo tenha aumentado 30% desde o início deste ano e calcula desvalorização de 30% do real ante o dólar no mesmo período. “O custo aumentou por duas fontes. Algum tipo de repasse para o preço dos alimentos terá de ser feito, por isso estamos buscando formas fazê-lo de forma parcial”, acrescenta Barbosa.
O pedido, de acordo com a associação, foi encaminhado ao Ministério da Agricultura, ao Ministério da Economia e à Câmara de Comércio Exterior (Camex) e está em análise pelas três pastas. Na avaliação do presidente da Abitrigo, a medida “é necessária” neste momento em virtude do atual patamar do dólar e da falta de disponibilidade de cereal argentino.
“Não vemos dificuldade de fornecimento de trigo, pois o volume em falta na Argentina será suprido pelo mercado internacional. A nossa preocupação é com o custo desse cereal a ser comprado”, observou o executivo, lembrando da recente quebra de safra do país vizinho. Atualmente, o Brasil importa cerca de 60% – entre 5 milhões a 6 milhões de toneladas – do trigo necessário para moagem nacional.
Deste volume, aproximadamente 85% provém da Argentina – sobre o qual não incide a TEC, de 10%. No ano passado, o Ministério da Agricultura liberou à indústria moageira uma cota anual de 750 mil toneladas de importação do cereal de países de fora do Mercosul com isenção da taxa. Na análise da indústria, a cota não é “suficiente” para o atual momento.
De acordo com dados coletados pela Abitrigo junto a seus associados, serão necessários mais 2 milhões de toneladas do cereal até o fim deste ano. Em decorrência da entressafra nacional, a importação deve se acentuar nos meses de abril, maio e junho – período em que o consumo de pães, massas e bolos tende a aumentar.
“Por isso, pedimos também que o governo estenda a cota já adotada até o fim do ano para permitir que empresa que ainda não utilizaram sua parcela possam utilizá-la neste momento”, relatou Barbosa. A cota entrou em vigor em novembro de 2019 e vale para importações feitas até 31 de maio. Outro pedido enviado pela indústria ao governo federal é o da flexibilização quanto às regras fitossanitárias para importação do cereal russo – maior exportador mundial de trigo. A entidade disse que considera que a medida poderia ampliar a gama de fornecedores aptos a comercializar para o Brasil.