Agropecuária brasileira deve seguir em alta em 2017 | Canal Rural

Agropecuária brasileira deve seguir em alta em 2017

Companhia Nacional de Abastecimento apresentou nesta terça, dia 13, uma análise completa para algodão, arroz, feijão, carnes, lácteos, milho, soja, sorgo e algodão, indicando tendência de mercado favorável, com rentabilidade positiva e recuperação de margens 

O setor agropecuário brasileiro deve seguir em alta na próxima safra. A projeção é do estudo “Perspectivas para a Agropecuária, safra 2016/2017”, realizado por técnicos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e divulgado nesta terça, dia 13. A pesquisa aponta que, apesar do arrefecimento da economia, a atividade seguiu em trajetória distinta à queda do PIB (que encolheu 3,8%) e subiu 1,8% em 2015.

A análise completa foi realizada para produtos como algodão, arroz, carnes, lácteos, milho, soja e sorgo. No caso do milho e da soja, por exemplo, o cenário atual mostra que os preços elevados tendem a incentivar a produção dos cereais. O cultivo do feijão deve ser  incrementado pelo preço recebido pelos produtores – que em termos reais foi um dos maiores da história, e beneficiado pelo clima.

De acordo com a Superintendência de Gestão da Oferta da Conab, responsável pelo estudo, o objetivo do trabalho é oferecer ao setor produtivo um panorama do que esperar para a safra seguinte, em termos de mercado, e auxiliar o produtor na decisão sobre o que plantar e em qual proporção.

As perspectivas, feitas anualmente, são elaboradas a partir de ferramentas estatísticas, observando aspectos econômicos, tecnológicos e produtivos, além dos cenários interno e externo, preços e condições da oferta e demanda. Nesta edição, o estudo aponta para uma tendência de mercado favorável para os produtos, com rentabilidade positiva e recuperação de margens, o que poderá contribuir para a recuperação da produção brasileira de grãos.

Soja

Para a soja, o estudo indica que, com o dólar em alta, o custo de produção vem aumentando gradativamente em 2016, fazendo com que a rentabilidade do agricultor fique cada vez menor. Em maio de 2016, o custo variável de produção foi estimado em média a R$ 38,29 por saca, e os preços pagos ao agricultor, em média a R$ 74,19/saca.

Com isso, a rentabilidade esperada para a safra 2016/2017, em maio de 2017, deverá girar em torno de R$ 35,90/saca, caso os agricultores tenham fechado contratos antecipados próximos deste valor. De todo modo, com o custo variável de maio de 2016 estimado no Brasil, em média, a R$ 38,29/saca, e uma provável rentabilidade alta para a safra 2016/17, os sojicultores deverão continuar a aumentar a área de soja para a próxima safra.

Milho

No caso do milho, a Conab aponta que a commodity vive uma situação atípica, de preços bastante elevados, que devem estimular o aumento de área em 2016/2017. Mas, como a soja também vive situação semelhante, a tendência é de aumento da área do cereal principalmente na segunda safra, ou safrinha. A Conab projeta ainda que a cotação do cereal deve se manter alta num primeiro momento em 2016 e, num segundo, sofrer pressão baixista, “já que existe a possibilidade de recomposição da oferta, e os preços na Bolsa de Chicago devem permanecer baixos”.

Carnes

Para o segmento de carnes, a Conab comenta que, para este ano, a receita com exportações das proteínas de frango, suína e bovina poderá crescer cerca de 1,3%, alcançando a cifra de aproximadamente US$ 14,3 bilhões. Já os volumes a serem vendidos ao exterior em 2016 deverão aumentar em cerca de 11,8% em relação a 2015, estimados em 6,8 milhões de toneladas líquidas. A receita com as exportações de carnes em 2015 atingiu a cifra de US$ 14,1 bilhões, sendo que a carne bovina teve participação de 41%; a carne de frango, 50%, e a carne suína, 9%.

Ainda sobre a carne bovina, a Conab cita estudo do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), comentando sobre a drástica redução na produção – e consequentemente exportação – de carne bovina na Austrália, em decorrência de problemas climáticos. Comenta, porém, que a disponibilidade de animais prontos para o abate no Brasil continua restrita, “limitando oportunidades de expansão das exportações”. No tocante à carne de frango e suína, a expansão das exportações pode esbarrar no cenário “bastante restritivo” de milho para ração, que pode resultar na diminuição da produção.

Arroz

No arroz, a Conab prevê, na Região Sul, lucro de 16,23% para o arroz irrigado 2016/2017, com base nos preços vigentes no município de Cachoeira do Sul (RS). “Entretanto, esperam-se preços menos remuneradores para o próximo período comercial, o que possivelmente reduzirá este lucro projetado no atual momento”, informa o estudo, que estima, também, redução de área de arroz de sequeiro no Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste, em função da concorrência da soja por áreas de plantio.

Algodão

As perspectivas para o algodão são de redução de consumo nacional em torno de 5% em 2017, avaliando a retração da atividade da indústria têxtil no País em 2015 – 14,6%, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), enquanto o PIB encolheu 3,8%.

A estimativa considera ainda que a economia brasileira deverá encolher cerca de 3,44% em 2016. Entretanto, “após a avaliação da oferta e demanda mundiais, aliada às especificidades do mercado brasileiro, as projeções de preços para a safra 2016/2017 apontam para uma melhora da remuneração do cotonicultor no Brasil”, diz.

Lácteos

Sobre os lácteos, a estatal cita que, no cenário interno, o baixo aumento dos preços nominais e a consequente redução dos preços reais em razão do recrudescimento da inflação, aliado aos aumentos de custo de produção e à crise econômica, com retração da demanda, induziram à queda da produção em 2015 e no primeiro trimestre de 2016. O recuo, porém, poderá oferecer algum suporte aos preços pagos ao produtor em 2016, evitando maiores perdas na produção, mesmo com o estreitamento das margens de lucratividade do produtor.

Feijão

Finalmente, para o feijão é esperada uma concentração de oferta para os meses de agosto e setembro, a exemplo ocorrido em 2015 – em função do vazio sanitário, que limita o plantio em Goiás e Minas Gerais, respectivamente, para meados de junho e 1º de julho, da intensificação da colheita da safra irrigada e da atuação da região nordeste da Bahia. Com isso, as

cotações, mesmo em patamares elevados, vêm recuando gradualmente, podendo ficar até em torno de R$ 300 a saca do produto comercial nos próximos dois meses. “No entanto, os estoques estão baixos e praticamente todo o feijão colhido nas duas primeiras safras foi vendido. No Paraná, maior Estado produtor, restam apenas 5% da produção a serem negociados pelos produtores, menos de 50 mil toneladas”, diz o estudo. 

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